BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta segunda-feira (4/8) que há um “conluio” entre brasileiros e autoridades estrangeiras contra a democracia no Brasil, em meio ao tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros e as sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em discurso a diplomatas na comemoração de 80 anos do Instituto Rio Branco, o chanceler disse ter “orgulho” na tarefa de liderar o país contra “ataques orquestrados”.
“Tenho enorme orgulho e sentido de responsabilidade na atual tarefa de liderar o Itamaraty na defesa da soberania brasileira de ataques orquestrados por brasileiros em conluio com forças estrangeiras. Nesse ultrajante conluio, que tem como alvo a nossa democracia, os fatos e a realidade brasileira não importam para os que se erigem em veículo antipatriótico de intervenções estrangeiras”, disse.
Segundo o chefe da diplomacia brasileira, as instituições do país derrotaram uma tentativa de golpe de Estado, em referência ao julgamento da ação penal no STF que investiga se houve uma trama golpista no país. O processo, que mira o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, é um dos motivos citados pelo presidente americano Donald Trump para impor as sanções.
“Nossa sociedade e suas instituições derrotaram uma tentativa de golpe militar cujos responsáveis estão hoje no banco dos réus, em processos transparentes, transmitidos pela TV em tempo real, com direito à ampla defesa e com pleno respeito ao devido processo legal”.
Por fim, sem citar o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), investigado por articular as sanções ao Brasil junto com o governo de Donald Trump, Vieira disse que há “amantes confessos da intervenção estrangeira” em ação contra o país.
“A Constituição cidadã não está e nunca estará em qualquer mesa de negociação. Nossa soberania não é moeda de troca diante de exigências inaceitáveis. Saudosistas declarados do arbítrio e amantes confessos da intervenção estrangeira não terão êxito em sua tentativa de subverter a ordem democrática e constitucional”.
Na semana passada, Mauro Vieira esteve nos Estados Unidos e se reuniu com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para tratar do tarifaço. Apesar de alguns ministros brasileiros estarem em conversas com membros do governo dos EUA, ainda há poucos sinais de avanço no diálogo entre os dois países.