BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu nesta quarta-feira (6) as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sofre uma "perseguição política" no processo em que réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado.
"A Suprema Corte está julgando o Bolsonaro com base nos autos e nas delações feitas com o pessoal que trabalhou com ele. Não tem nada inventado. Não é a oposição que está acusando o Bolsonaro. Não é alguém do Exército de outro país. São os militares que trabalharam com ele", afirmou, durante entrevista à Reuters.
"E é importante citar que, no governo Bolsonaro, ele tinha arquitetado, se perdesse as eleições, matar a mim, matar [o vice Geraldo] Alckmin e o juiz que está julgando o processo dele", disse Lula.
O petista referiu-se ao plano revelado por investigações da Polícia Federal (PF) que previa o sequestro e assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Alexandre de Moraes, do STF.
"Esse cidadão não estava preparado para disputar as eleições e perder. Ele tinha o comportamento de um ditador", continuou.
Jair e Eduardo Bolsonaro devem ser indiciados por instigar EUA
Na entrevista, Lula também defendeu que o ex-presidente e seu filho deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) devem ser indiciados por incitação dos Estados Unidos contra o Brasil e voltou a chamar os Bolsonaros de "traidores da pátria".
O ex-presidente já é investigado dentro do inquérito que apura a atuação do parlamentar nos EUA e as suspeitas dos crimes de coação, obstrução e abolição do Estado democrático de direito que recaem sobre ele.
Eduardo Bolsonaro também foi indiciado por atentado à soberania nacional, acusado de tentar constranger e intimidar autoridades brasileiras por meio da articulação de sanções internacionais.
"Eu acho que ele (Bolsonaro) deveria ser julgado por mais processos, porque o que ele está fazendo agora, insuflando os Estados Unidos contra o Brasil, causando prejuízo à economia brasileira, causando prejuízo aos trabalhadores brasileiros, ele e o filho dele deveriam ter outro processo e ser condenados como traidores da pátria", disse Lula.
Eduardo mudou-se para os EUA no início deste ano para buscar junto ao governo de Trump sanções contra o Brasil e contra autoridades brasileiras. No dia 9 de julho, a Casa Branca anunciou tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros.
Em seguida, em 30 de julho, os Estados Unidos incluíram o nome do ministro Alexandre de Moraes na lista de punições da Lei Magnitsky, por suposta violação "grave" de direitos humanos por parte do magistrado.
"Não tem precedente na história um presidente da República e o filho, que é deputado, ir para os Estados Unidos para insuflar o presidente dos Estados Unidos contra o Brasil. Isso nunca existiu na história, eu acho que de nenhum país do mundo", disse Lula.