Crise dos combustíveis

Bolsonaro garante que pedido da CPI da Petrobras será apresentado segunda-feira

O presidente garantiu que conversou com o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, e com o presidente da Casa, Arthur Lira, para instalar a comissão já na segunda-feira (20), o que não possível pois depende de assinaturas e trâmite legal

Por Renato Alves
Publicado em 19 de junho de 2022 | 08:58
 
 
 
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Jair Bolsonaro (PL) voltou a falar na instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras, estatal de controle do governo federal e que tem o presidente e seis dos seis conselheiros indicados pelo próprio Bolsonaro.

O presidente da República garantiu, na noite deste sábado (18), que conversou com o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (Progressistas-PR), e com o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL), para instalar a CPI já na segunda-feira (20).

"Conversei (sexta) ontem com o líder do governo e o presidente da Câmara para a gente abrir uma CPI segunda-feira, vamos para dentro da Petrobras", afirmou Bolsonaro durante o ato de unção apostólica do Ministério Restauração, em Manaus. Após o fim da frase, Bolsonaro foi aplaudido pela plateia.

Bolsonaro ainda comparou a estatal a um time de futebol e disse que o presidente da companhia não pensa no Brasil. O presidente da República afirmou que a Petrobras deve perder até R$ 30 bilhões com a instauração de uma CPI.

“Eles não pensam no Brasil. Virou Petrobras Futebol Clube, para seu presidente, diretores, conselheiros e minoritários. […] A Petrobras perdeu R$ 30 bilhões. Acredito que, na segunda-feira (18), com a CPI, vai perder outros 30”, disparou.

Como principal acionista, a União recebe a maior parte dos lucros da estatal, que vão direto para o caixa do governo. Entre janeiro de 2019 (início do governo Bolsonaro) e março deste ano, a Petrobras já injetou nos cofres federais R$ 447 bilhões, levando-se em conta, além dos dividendos, os impostos e os royalties pagos.

Abertura de CPI depende da vontade de parlamentares

A instalação de uma CPI não é iniciativa do presidente da República. Ela cabe à Câmara ou ao Senado, e depende da coleta de uma quantidade mínima de assinaturas para o início de um trâmite legal que permite o início dos trabalhos, o que pode  levar semanas.

Bolsonaro tem criticado a Petrobras por reajustar preços diante da alta do petróleo no mercado internacional. A empresa, que importa combustíveis para suprir a demanda do mercado doméstico, segue desde 2016 os preços internacionais, mas tem espaçado os reajustes.

Arthur Lira ataca Petrobras, mas não fala em CPI

A estatal anunciou na sexta-feira (17) aumento de 5,2% na gasolina e de 14,2% no diesel, considerando o preço cobrado nas refinarias. Bolsonaro criticou o reajuste ainda na sexta, assim como Arthur Lira. 

O presidente da Câmara, no entanto, não falou em CPI. Nos bastidores, deputados governistas, em especial aqueles que integram o Centrão, dizem ser contra a comissão. Temem que atrapalhe os planos eleitorais de todos.

Outro temor dos governistas é quanto ao rumo dos trabalhos da CPI, pois, além da atual administração da estatal ter sido indicada por Bolsonaro – o que não faz sentido uma investigação pedida pelo presidente –, Comissão Parlamentar de Inquérito é um instrumento propício para os interesses da oposição, que costuma ocupar todas as funções-chave dela.  

Justamente por isso, a ideia de instaurar uma CPI para apurar a gestão da Petrobras tem sido endossada pela oposição, que acredita que a comissão pode revelar informações sobre a ingerência do Planalto sobre os combustíveis.

Bolsonaro lidera motociata e agradece por “adoração” a ele

A visita de Bolsonaro na capital amazonense aconteceu em meio ao aumento no preço dos combustíveis e às investigações sobre a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que teve repercussão internacional nas últimas semanas. 

Em Manaus, Bolsonaro nada falou sobre o crime. Ele ainda participou na tarde deste sábado, por volta de 17h30, de uma motociata na capital do Amazonas. Novamente, o presidente realizou o passeio sem capacete e com escolta da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Em clima de eleição, apoiadores do presidente aglomeram-se em uma das vias do Complexo da Ponta Negra, ponto turístico de Manaus, para a concentração da motociata organizada por movimentos de direita do Amazonas. 

A organização do evento divulgou a participação de 12 mil pessoas. A Polícia Militar, no entanto, informou cerca de 2,4 mil participantes.

"Motociclistas aqui presentes: muito obrigado por essa gigantesca motociata que acabamos de realizar, dando mais luz e vida a esse momento de adoração", afirmou o presidente, para público, ao final do evento. (Com Estadão Conteúdo)

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