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Bolsonaro volta à carga contra Moraes: 'Quem está avançando é ele, não sou eu'

Presidente deu entrevista para jornal e repercutiu novo inquérito aberto pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 08 de dezembro de 2021 | 19:26
 
 
 
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Em reação à abertura de mais um inquérito contra si por causa da live em que associou a vacina contra a Covid-19 ao vírus da Aids, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"É um abuso. Ele está no quintal de casa, será que ele vai entrar? Será que vai ter coragem de entrar? Não é um desafio para ele, quem está avançando é ele, não sou eu", disse Bolsonaro em entrevista ao programa Hora do Strike, do jornal Gazeta do Povo, nesta quarta-feira (8).

O presidente não fazia críticas duras a Moraes desde o episódio da "carta à nação", que contou com o apoio do ex-presidente Michel Temer para pacificar as relações com o STF depois do 7 de Setembro. No feriado, Bolsonaro chegou a insinuar uma ruptura institucional que animou seus apoiadores, mas não vingou.

Ainda na entrevista, o chefe do Executivo voltou a dizer que joga "dentro das quatro linhas", mas que pode mudar de ideia. "Se quiser jogar fora das quatro linhas, eu jogo também. Não pretendo fazer isso, isso não é ameaça para ninguém, mas que cada uma dessas pessoas façam um juízo da sua consciência do que estão fazendo", afirmou.

Em outro momento, ele foi mais enfático e lembrou justamente do episódio do 7 de Setembro: "Eu espero que essas pessoas não avancem mais, leiam a Constituição, entendam realmente qual é o sentimento da população. Entendam realmente qual é o sentimento da população, em especial daquele último movimento, de 7 de Setembro, que foi às ruas pedindo o quê? Liberdade. Pelo amor de Deus, e vem uma outra autoridade e falar que isso é ato antidemocrático?".

O presidente não costuma mencionar o contexto das investigações dos atos antidemocráticos, que corre no STF. Trata-se de inquérito envolvendo apoiadores do governo federal que defenderam o fechamento das instituições Judiciário e Legislativo, além de fazerem ameaças diretas a ministros do STF e seus familiares.

Bolsonaro também comentou as prisões do caminhoneiro e líder de atos em apoio ao presidente no 7 de Setembro, Zé Trovão, e do ex-presidente do PTB Roberto Jefferson. "O problema nosso não é legislação, é por parte de alguns do Judiciário, que resolveram simplesmente ignorar tudo e todos e eles serem a Constituição, eles serem a lei", disse. 

Chapa com mineiro ou nordestino

Na mesma entrevista, Bolsonaro sinalizou que cogita convidar um nordestino ou mineiro para vice-presidente na chapa das eleições de 2022. Sem dar muitas dicas de quem teria em mente, também adiantou a possibilidade de chamar outro general de quatro estrelas, como o atual vice, Hamilton Mourão.

"Agora, a gente não está pensando em ter uma chapa para ganhar eleição e depois não poder governar. Isso é horrível, é péssimo né, ter um vice que te atrapalha, isso é horrível. Então, um vice que estamos trabalhando aí pode ser um general de quatro estrelas também, pode ser. E vai acontecer em março, talvez, um pouco depois, a gente anuncia o nome dele, um nome que agregue e dê respeitabilidade à nossa chapa", afirmou o presidente.

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