O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tomou uma série de medidas emergenciais para suprir a alta demanda de energia em todo o país por causa da onda de calor. O pacote inclui o acionamento de usinas térmicas, de termelétricas a carvão, a gás e a diesel, além de importação de energia de países vizinhos, como Uruguai e Argentina.
Comumente, as usinas térmicas são acionadas no Brasil quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos, o que não é o caso agora. A questão no momento é o alto consumo de energia, que bateu recordes por dois dias seguidos. Nos primeiros dias de novembro, a alta no consumo chegou a 16,8%. A expectativa é que, em todo este mês, o consumo aumente 11% em relação a novembro de 2022.
As altas temperaturas em várias cidades brasileiras levaram a um novo recorde no consumo de energia na tarde de terça-feira (14), quando, às 14h20, o Sistema Interligado Nacional (SIN) atingiu 101.475 MW. Na segunda (13), às 14h17, o consumo ultrapassou pela primeira vez os 100 mil MW, chegando a 100.955 MW. A maior marca até então era de 97.659 MW, registrada em 26 de setembro.
No momento do recorde de terça, o atendimento foi feito por hidrelétricas (59,8%), solar (19,6%), térmicas (11,5%) e eólicas (9,5%). A produção das usinas térmicas vinha mantendo um padrão médio em torno de 7 mil MW por dia. Na última segunda-feira (13), em que houve o recorde na demanda, a produção das térmicas começou a subir. Desde então aumentou 63%.
A energia gerada pelas termelétricas é mais cara por causa do custo dos combustíveis fósseis, como por exemplo o gás natural. Com o conflito entre Israel e o Hamas, os derivados do petróleo subiram de preço, o que pode impactar no valor cobrado na tarifa de energia no Brasil, o que ainda não foi informado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A ONS tem buscado outros recursos para garantir o abastecimento de energia elétrica em todo o país em meio ao calor crescente. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o órgão aumentou o uso de recursos das bacias dos principais rios, como Paranaíba, Paranapanema, Paraná e Grande. Também há uso mais intenso de usinas do Rio Tocantins, da Bacia do São Francisco, entre outros.
O ONS destacou ainda a oferta de importação de Uruguai e Argentina. A compra de energia dos dois países chega a 2.700 MW. Na terça, quando houve o recorde de consumo, a importação somou 800 MW. A venda e compra de energia pelos países vizinhos é algo comum em períodos de escassez e abundâncias nos respectivos lados.
Já a Aneel informou, por meio de nota, que “tem mantido amplo diálogo com o Ministério de Minas e Energia, distribuidoras e prefeitos dos municípios atingidos, e o objetivo é definir protocolos para melhorar as respostas aos eventos climáticos severos, aprimorando os planos de prevenção e redução de danos”.