Na esteira da turbulência provocada na equipe econômica do governo federal, devido à ameaça de furo do teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil e "auxílio diesel", o ministro da Economia Paulo Guede e o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltam, neste domingo (24) a aparecer juntos para fazer esclarecimentos à imprensa.
Dessa vez, os dois se encontraram em visita ao Parque de Exposições da Granja do Torto, em Brasília. Na ocasião, Guedes provocou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem sido anunciado como pré-candidato da legenda.
"O presidente do Senado se lança à presidência da República agora, se ele não avançar com as reformas, como vai defender a própria candidatura? Ele precisa avançar com as reformas, precisa nos ajudar, não pode fazer militância", cobrou Guedes. "E eu tenho certeza que ele não vai fazer", enfatizou em seguida.
No sábado (23), Pacheco foi anunciado no palanque do encontro estadual do PSD, no Rio de Janeiro, como "futuro presidente da República". No evento, ele fez um discurso com recados indiretos ao atual chefe do Executivo, embora sem citar o presidente.
"Está faltando respeito no Brasil. E nós precisamos provocar cada vez mais a respeitabilidade entre poderes, entre instituições, entre as pessoas. O exemplo dado por homens públicos é fundamental para que tenhamos uma sociedade essa cultura do respeito. Inclusive com juízo e com equilíbrio no uso de redes sociais, no uso da comunicação, porque as pessoas precisam ser respeitadas", afirmou Pacheco, que se filiará oficialmente ao PSD na quarta-feira (27).
Governo popular, e não populista
Guedes também reiterou o valor mínimo, proposto por Bolsonaro, de R$ 400 mensais, para o programa de renda básica familiar que o governo pretende lançar em novembro em substituição ao Bolsa Família.
Sem fonte de custeio, esse valor pode provocar o descumprimento fiscal, algo que o ministro garante que não vai ocorrer. Embora esteja lançando um programa que custará, no mínimo, R$ 30 bilhões em ano pré-eleitoral, Guedes defendeu a manobra fiscal do governo tentando tirar de Bolsonaro a pecha de "populista".
“O presidente da República sempre apoiou as reformas. Ele é um político popular, mas ele está deixando a economia ser reformista. Ele não é um populista”.
A articulação para viabilizar os R$ 400 mensais para beneficiários do novo programa social contou com apoio do relator da Proposta de Emenda à Constitução (PEC) dos Precatórios.
Em nova versão do texto da proposta, aprovado na quinta-feira, foi estabelecida uma revisão do cálculo da inflação para determinar o limite de gastos no ano seguinte.
Assim, o projeto cria uma abertura no orçamento de 2022 no valor de R$ 83 bilhões para o governo federal utilizar na criação de benefícios temporários. Caso seja aprovada desta forma, a proposta libera o governo da acusação de desrespeito da Lei de Responsabilidade Fiscal.
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