O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, aproveitou um evento sobre combate ao abuso sexual de crianças e adolescentes, no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (18) para criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que fez declarações infeliz sobre o tema.

"Quero viver num país, num mundo em que eu não tenha medo da minha filha ser preta, mulher, criança, adolescente. Quero ainda viver num mundo em que não tenha medo da maldade da pessoa adulta que é capaz de matar”, pontuou. “Não quero viver no mundo em que o representante diga que ‘pintou clima’ com adolescentes", proferiu sem fazer menção direta ao ex-presidente. 

A declaração de Silvio Almeida faz referência uma fala de Jair Bolsonaro de outubro de 2022. O ex-presidente narrou, em um podcast, o encontro que teve durante passeios de moto que fazia por Brasília. Bolsonaro disse que encontrou meninas venezuelanas de 14 e 15 anos durante ida à cidade de São Sebastião (DF) que, segundo ele, estariam “se arrumando” para “ganhar a vida”, e que dali “pintou um clima”.  

Em carta lida na cerimônia para marcar o 18 de maio - Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes - a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também fez referência à declaração de Bolsonaro. "A parceria entre a sociedade civil e o Estado na reconstrução e execução das políticas de proteção para crianças e adolescentes é o único clima que pode pintar." 

A primeira-dama não esteve presente no evento, porque viajou para o Japão para acompanhar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que participa das reuniões do G-7. Por isso, o texto dela foi lido no evento.  

Janja também usou as redes sociais nesta quinta-feira para ‘alfinetar’ o ex-presidente. A publicação é sobre a campanha de conscientização de combate à exploração sexual infantojuvenil. “Não existe pintar um clima entre um adulto e uma criança, né? O que existe são vários tipos de violência que podem atingir os nossos pequenos. Entre eles, o abuso e a exploração sexual”, disse sem fazer menção a Jair Bolsonaro.  

Desmonte de políticas públicas 

Ao término da cerimônia, Silvio Almeida conversou com a imprensa e falou que seu discurso fez “referência a toda e qualquer fala que, de alguma maneira, diminua a importância do combate à exploração sexual infantil”. E, mais uma vez, não citou nominalmente o ex-presidente.  

O ministro dos Direitos Humano disse ainda que o sistema de proteção a crianças e adolescentes contra abusos de direitos, inclusive sexuais, foi desmontado no último governo. E não polpou críticas a ex-titular da pasta Damares Alves, que atualmente é senadora pelo Republicanos do Distrito Federal. Silvio Almeida falou que o discurso de Damares sobre o assunto era “moralismo” e “só conversa”. 

“Sem orçamento, sem políticas baseadas em ciência, não é possível fazer política séria de prevenção e de combate a todos os abusos que possam acontecer. E falar sobre isso num tom moralista não é a mesma coisa que apresentar políticas públicas que chamam diversos setores, que chamam os atores”, pontuo.  

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