O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quebrou pela primeira vez a sequência das lives semanais  ‘Conversa com o Presidente’. Tradicionalmente, o programa ocorre às terças-feiras. Mas, hoje, o petista alegou cansaço da viagem à Índia, onde participou da reunião da Cúpula do G20, que reúne as 20 maiores economias do mundo. 

Lula deixou Nova Delhi na madrugada da última segunda-feira (11), pelo horário de Brasília. Foram 22 horas de deslocamento até Brasília, onde chegou na Base Aérea por volta de 00h desta terça-feira (12).  

Mesmo durante viagens internacionais e agendas fora de Brasília, o petista nunca deixou de fazer as lives. Em uma edição, por exemplo, foi antecipada para segunda-feira porque no dia seguinte ele estaria em voo internacional. Segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, a ‘live’ não será remarcada para outro dia desta semana. 

Agenda


Pela agenda oficial do petista, consta apenas um compromisso, às 17h, na residência oficial da Presidência, com o presidente de Itaipu, Ênio Verri. Já fora da agenda oficial, o petista recebeu, pela manhã, no Alvorada, um dos seus ministros da articulação política, Alexandre Padilha (Relações Internacionais). 

Nos bastidores, há expectativa que o mandatário ainda receba a ministra do Esporte, Ana Moser, que embora tenha sido demitida para abrigar espaço para o Centrão, não teve seu nome substituído no Diário Oficial da União (DOU) pelo deputado federal André Fufuca (PP-MA). 

Segundo informou o ministro da Secretaria Geral de Comunicação, Paulo Pimenta, Lula deve fazer ainda hoje, às 16h, uma reunião interministerial para discutir a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul. 

Live não será remarcada  

O ‘Conversa com o Presidente’ estreou no dia 13 de junho como forma do petista marcar território no meio digital. O programa é realizado, ao vivo, do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República. Com duração de cerca de 40 minutos, semanalmente começa às 8h30.  

Seria a 14ª edição do programa matinal transmitido pelos canais oficiais do petista e da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A iniciativa da gestão Lula foi vista como uma ‘imitação’ da estratégia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tinha como marca realizar as tradicionais lives de quinta-feira.  

Bolsonaro fazia live de dentro do Alvorada e utilizava a biblioteca da residência oficial como plano de fundo. Nas transmissões, Bolsonaro falava de maneira livre, sem um interlocutor, e utilizava várias anotações para destacar iniciativas do governo, bem como atacar adversários. Em várias situações, recebia ministros do governo e exaltava auxiliares. 

Menos familiarizado com as plataformas e dispositivos digitais, auxiliares de Lula acharam por bem fazer as lives no estilo Podcast, com microfone na mesa, e um interlocutor conduzindo a entrevista. Para essa tarefa, a EBC contratou o jornalista Marcos Uchôa. 

Campo digital: Lula versus Bolsonaro 


Quando o assunto é influência nas redes sociais, Bolsonaro tinha engajamento maior que Lula no meio digital quando era presidente. É o que aponta levantamento baseado nas transmissões ao vivo feito pelo Núcleo de Tecnologia do Departamento de Comunicação (NudTec) da PUC-Rio. 

O estudo fez o recorte entre abril e julho do primeiro ano de mandato de Jair Bolsonaro (2019) e de Lula (2023). A pesquisa colocou em sua metodologia não apenas as lives, mas também as transmissões mais longas, como por exemplo, de agendas oficiais e anúncios de programas.  

No recorte do Youtube, o petista teve entre 30 mil e 104 mil visualizações. Já no Facebook, são 13 milhões de visualizações somados em 107 vídeos. A média é de 121 mil espectadores por live.  

No mesmo período, quando presidente, Bolsonaro contabiliza entre 333 mil e 919 mil visualizações no YouTube. No Facebook a métrica também é bem superior à de Lula: foram 233 lives com uma média de 77 mil visualizações cada uma, o que totaliza 18 milhões de visualizações.