RIO DE JANEIRO

Lula mostra frustração em não concluir acordo UE-Mercosul e lista 'culpados'

O petista criticou protecionismo e a desconfiança dos europeus; ainda assim defendeu que o Mercosul continue tentando fechar acordo com a União Europeia

Por Gabriela Oliva (*) | Manuel Marçal
Publicado em 07 de dezembro de 2023 | 14:38
 
 
 
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Ao se despedir da presidência rotativa do Mercosul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mostrou frustração por não ter conseguido selar, durante o mandato do Brasil à frente do grupo, o acordo de livre comércio do bloco econômico da região com a União Europeia. Ele ainda apontou culpados pela situação, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Eu tinha um sonho de que, durante minha presidência, a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia fosse concluída de forma majestosa. Achei que poderia ser alcançado e acreditei que merecíamos isso”, discursou Lula, nesta quinta-feira (7), na presença dos demais chefes de Estados do Mercosul, no Rio de Janeiro.  

O tratado vem sendo negociado há mais de 20 anos. Mas, para ele, o tema não foi concluído por falta de “flexibilidade” dos europeus, uma vez que as exigências eram “inaceitáveis”. O petista ainda culpou ter herdado os termos do acordo elaborados em 2019, durante os mandatos do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente da Argentina à época, o liberal Mauricio Macri. 

Ao desabafar sobre sua frustração, Lula voltou a criticar a falta de equilíbrio nos trechos do acordo. "A versão era inaceitável porque nos tratava como se nós fôssemos seres inferiores, como se nós fôssemos países colonizados ainda, com falta de respeito. Estranho a falta de flexibilidade deles de entender que nós ainda temos ainda muita coisa para crescer", pontuou.

Lula chegou a chamar nominalmente o presidente da França, Emmanuel Macron, e os anteriores, de “protecionistas”. O líder francês disse ser contrário aos termos do acordo. Eles se encontraram na semana passada em Dubai, durante a COP 28, mas o petista não conseguiu convencê-lo a mudar de ideia. 

“Acho que nunca antes na história do Mercosul se conversou com tanta gente. Conversei com quase todos os presidentes da União Europeia, com negociadores da União Europeia e com os presidentes dos Países Baixos. Tentei mostrar a necessidade desse acordo a todos eles. Inclusive, conversei lá em Dubai com Ursula Von der Leyen (a presidente da Comissão Europeia), conversei com o Macron, fiz um apelo a ele para que deixasse de ser tão protecionista”. 

O mandato do Brasil termina nesta quinta-feira (7). Quem vai liderar o Mercosul para o próximo semestre é o Paraguai. Lula passou um recado para seu sucessor Santiago Peña: “Vamos ter que discutir que Mercosul queremos. Temos que discutir o que de conquista, expectativa e legado vamos deixar. Nem tudo o que a gente quer acontece do jeito que a gente quer. Tenho como lema não desistir nunca. Mesmo essa tentativa de acordo com a União Europeia".  

(*) Enviada especial ao Rio de Janeiro

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