O Ministério das Relações Exteriores consolidou, nesta segunda-feira (20), segunda lista de brasileiros e seus familiares que solicitaram assistência do governo federal para deixar a Faixa de Gaza. Um total de 55 nomes foram compilados e encaminhados às embaixadas do Brasil no Cairo (Egito), Tel Aviv (Israel) e Ramallah (Cisjordânia).
Esses escritórios de representações diplomáticas têm a responsabilidade de negociar acordos visando a liberação desse grupo da região. Fontes do Itamaraty indicam que a lista pode ser ampliada, mas ressaltaram que o governo já iniciou as tratativas para evitar possíveis atrasos, buscando agilidade no processo, diferentemente do ocorrido com o primeiro grupo de repatriados da Faixa de Gaza.
Nesta segunda fase de repatriação, a diferença é na expansão dos vínculos familiares dos repatriados com brasileiros. Diferentemente da situação anterior, avós e irmãos mais velhos foram inclusos na lista. Isso resultou no aumento da presença de palestinos na relação, uma vez que foi além dos critérios anteriores que se limitavam a pais, filhos e cônjuges.
Primeiro grupo
Na noite da última segunda-feira (13), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), recebeu o primeiro grupo de 32 pessoas repatriadas que chegaram da Faixa de Gaza, na Base Aérea da capital federal. Desembarcaram: 22 brasileiros, 7 palestinos que têm RNM (Registro Nacional Migratório) e 3 palestinos que são familiares próximos.
Eles deixaramGaza após 37 dias de guerra. O grupo era formado por pessoas que estavam no sul da Faixa de Gaza, nas cidades de Khan Younis e Rafah, para onde se deslocaram após Israel anunciar que iniciaram pesados bombardeios no norte do enclave governado pelo Hamas. A organização iniciou a guerra com Israel após um ataque surpresa em 7 de outubro.
Na fronteira com o Egito, Rafah é o único ponto de saída de Gaza. No entanto, o posto de controle ficou fechado nas duas primeiras semanas de guerra. Após uma negociação entre Egito, Estados Unidos, Israel e o Hamas, os civis estrangeiros e palestinos com dupla nacionalidade foram autorizados a deixarem o enclave, mas de forma represada.
O presidente expressou sua insatisfação com a demora na retirada das pessoas da Faixa de Gaza, atribuindo a responsabilidade ao governo de Israel, contra o qual o petista tem feito diversas críticas. Em uma delas, por exemplo, ele disse que parecia que Israel "quer ocupar a Faixa de Gaza” e “expulsar” os palestinos daquela região do Oriente Médio. O petista voltou a chamar o ataque do Hamas de terrorista e usou o mesmo termo para classificar a resposta do governo israelense.
Ele também tem lamentado a morte de mulheres e crianças no conflito, além de condenar os bombardeios israelenses em hospitais em Gaza a pretexto que terroristas se escondem no local. “Se eu sei que está cheio de criança naquele lugar (hospital), pode ter um monstro lá dentro que eu não posso matar as crianças. Eu tenho que matar o monstro sem matar as crianças. É simples assim”.