BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou a posição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), em relação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou uma tarifa de 50% a todas as exportações brasileiras.

Em entrevista à TV Record, nesta quinta-feira (10), Lula fez menção a uma foto em que Tarcísio usa um boné com o slogan de Trump, “Make America Great Again” (“Fazer a América Grande de Novo”).

“Se vou ser candidato ou não, é outros 500. Agora, os loucos que governaram esse país não voltam mais. O seu Tarcísio pode - e não vale tentar esconder o chapeuzinho do Trump não, Tarcísio - pode ficar mostrando para a gente saber quem você é. Está cheio de lobo com pele de cordeiro. Se for necessário ser candidato para evitar isso, estarei candidato”, disse.

Lula já reiterou por diversas vezes o desejo de concorrer à reeleição em 2026. Na semana passada, chegou a dizer que o país terá, pela primeira vez “um presidente eleito quatro vezes pelos braços do povo”.

Tarcísio é apontado como um possível candidato para concorrer com o petista, em vista da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Publicamente, ele nega a intenção de concorrer ao Planalto e diz que deve tentar a reeleição ao governo paulista, mas aliados acreditam que ele pode ceder caso Bolsonaro anuncie apoio público à sua candidatura nacional.

Durante a quinta-feira, outros quadros do governo criticaram Tarcísio pelas falas elogiosas a Donald Trump e por ter culpado Lula pelas tarifas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chamou o governador de “candidato a vassalo”, enquanto o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que ele deveria “defender a população do seu Estado” ao invés da medida de Trump.

O presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), Jorge Viana, também falou contra o chefe do governo paulista. "Eu espero que o governador de São Paulo, independente das posições ideológicas que tenha, reflita e veja que o estado mais afetado será São Paulo com desemprego, com empresas tendo dificuldade de seguir adiante. Em vez de fazer disso uma disputa, deveríamos estar unidos para encontrar melhor solução", declarou.