IRONIZOU

Padilha cita Emicida para rebater Arthur Lira: ‘Rancor é igual tumor’

Chamado de 'incompetente' pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o ministro Alexandre Padilha respondeu: 'Não vou descer a esse nível'

Por Manuel Marçal
Publicado em 12 de abril de 2024 | 11:00
 
 
 
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O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta sexta-feira (12), que “não vai descer ao nível” para responder os ataques do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que na quinta-feira (11) o chamou de “desafeto pessoal” e “incompetente”.  

Responsável pela articulação política do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Padilha ainda fez uma provocação a Arthur Lira, que é natural de Alagoas. “Sinceramente, eu não vou descer a esse nível. Sou filho de uma alagoana arretada que sempre disse: ‘meu filho, se um não quer, dois não brigam’. Eu aprendi a fazer política com o presidente Lula, política com civilidade”, declarou a jornalistas ao chegar no evento "Líderes em Energia", no Rio de Janeiro. 

Lira vem tecendo críticas a Padilha desde o ano passado e o acusa de descumprir acordos. O político alagoano, inclusive, deixou de fazer articulação política direto com o ministro. 

Na última quarta-feira, o presidente da Câmara subiu o tom ao mostrar irritação com a interferência do Palácio do Planalto na votação da manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem Partido-RJ). Lira acusou Padilha de “plantar” a versão de que o resultado da votação significava um enfraquecimento dele à frente da Casa. 

“Essa notícia foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, um incompetente”, declarou Lira. “Não existe partidarização, eu deixei bem claro que ontem a votação é de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver", rebateu o político alagoano. 

“Lamentável que integrantes do governo interessados na estabilidade da relação harmônica entre os Poderes fiquem plantando essas mentiras, essas notícias falsas que incomodam o Parlamento e quando o Parlamento reage, acham ruim”, completou ao responder se o resultado no plenário sobre a situação de Brazão, na quarta-feira (10), representava um enfraquecimento de sua atuação na Casa. Brazão é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em 2018.

Padilha usa verso de Emicida para responder ataque de Lira

Ainda nesta sexta-feira, questionado mais de uma vez a comentar as declarações de Arthur Lira,  Alexandre Padilha disse que a relação com o governo federal e o Congresso “foi um sucesso” em 2023. 

“Quero repetir esse sucesso, não tenho nenhum tipo de rancor. A periferia de São Paulo produziu uma grande figura, o Emicida, que diz: 'Mano, o rancor é igual tumor: envenena a raiz, quando a plateia só deseja ser feliz'. Sei que os deputados querem ser feliz e manter os bons resultados para o país”, declarou.

Lula sinaliza que Padilha fica no cargo e Pacheco chama o ministro de 'competente'

Ainda na quinta-feira, minutos depois da declaração de Lira, Alexandre Padilha postou um vídeo na rede social X com elogios do presidente Lula ao trabalho dele à frente da pasta. “Ter ouvido isso ontem, publicamente, do maior líder político da história do Brasil é sempre uma honra para toda a equipe do Ministério das Relações Institucionais”, escreveu. 

O vídeo é um recorte de uma fala de Lula durante evento do Minha Casa, Minha Vida na quarta-feira (12), no Palácio do Planalto. Na ocasião, o petista que “Padilha possivelmente tem o cargo mais espinhoso do governo”, porque liga com o Congresso Nacional e negociações com os deputados. 

Em seguida, reconheceu que existe pressão e cobranças dos parlamentares pelas entregas daquilo que foi prometido e acordado. “O Padilha está batendo recorde, porque está durando muito tempo no cargo e vai continuar muito tempo pelas competências dele”.

Na semana passada, o petista já tinha feito outro aceno ao auxiliar ao dizer que ele é o “ministro que rói o osso”, por ter o cargo “mais difícil" da Esplanada dos Ministérios.

Nos bastidores, as falas de Lula foram vistas como um recado claro de que o ministro continua no cargo, mesmo com a pressão e críticas do presidente da Câmara dos Deputados, o que acabou se evidenciando nesta quinta-feira. 

Horas depois, ainda no calor das declarações de Lira, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi questionado a comentar o caso. Sem citar Lira, ele disse que Padilha é “competente”.

“Temos que evitar esses problemas, né? O Brasil já tem muitos problemas. Precisamos buscar sempre as convergências. Ninguém é perfeito, mas ninguém também é tão mau assim”, declarou. 

Em seguida, frisou que tem boa relação com o ministro responsável pela articulação política. "O que eu posso dizer é que eu me esforço muito para manter uma boa relação com o governo, com o próprio ministro Alexandre Padilha, por quem eu tenho afeição, eu tenho simpatia, e o considero também competente. Da parte do Senado Federal, nós vamos buscar ter o melhor relacionamento possível com o governo e com o próprio ministro Padilha", apontou Pacheco.

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