Enquanto a esquerda debate a formação de uma frente ampla e a direita foca nos votos do bolsonarismo, a busca entre os candidatos de centro à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) nas eleições municipais deste ano é para ver quem conseguirá se colocar como o principal opositor ao atual prefeito Alexandre Kalil (PSD).
Este é o caso do deputado estadual e pré-candidato a prefeito, João Vítor Xavier (Cidadania). Nas últimas semanas, ele intensificou críticas que já vinha fazendo há mais tempo à administração de Kalil e passou a questionar a atuação do prefeito na coordenação da resposta da capital à pandemia do coronavírus.
Colocando-se como uma candidatura “de centro para a direita”, João Vítor Xavier afirma que o principal adversário dele é Kalil. Segundo ele, o prefeito não cumpriu promessas de campanha, como a realização de obras na Avenida Vilarinho e também medidas anunciadas no combate ao coronavírus, como abertura de hospitais de campanha inicialmente no Mangabeiras e depois no Mineirão.
“A principal disputa é com o prefeito que está aí porque ele teve muitos votos de pessoas que se enganaram acreditando que esse seria o seu viés (de centro-direita), e se decepcionaram porque viram que ele optou por governar com o PT, com o PSOL, com as esquerdas cidade”, disse.
Para ele, Belo Horizonte perdeu a indústria para Contagem na metade do século passado, depois viu os grandes armazéns do Centro mudarem para o Ceasa e, por isso, precisa, agora, ter uma “vocação bem definida”. Segundo João Vítor Xavier, esta vocação seria o retorno do investimento em tecnologia, área em que, de acordo ele, a cidade já foi uma das mais promissoras do país.
“Estamos nos transformando em uma cidade que vive a base do funcionário público, do aposentado e do pequeno e médio comerciante. Isso é muito pouco. Nós precisamos refortalecer esse pequeno e médio comerciante e nós precisamos fortalecer uma vocação: precisamos voltar a investir em tecnologia”, disse.
A avaliação no meio político é de que a pandemia do coronavírus alterou o cenário eleitoral para os adversários de Kalil. “Ganhará força quem tiver capacidade de propor propostas modernas e inovadoras, demonstrar capacidade de gestão e ao mesmo contrapor o Kalil”, disse um deputado estadual. Para o parlamentar, colega de João Vítor Xavier na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o pré-candidato poderá enfrentar dificuldades nesse cenário por não ter capacidade de gestão e conhecer pouco os números de Belo Horizonte.
Para um analista político que acompanha de perto o cenário eleitoral belo-horizontino e que preferiu não se identificar porque pode vir a ser chamado para trabalhar na disputa, os candidatos de centro podem ter mais chances contra Kalil no 2º turno do que eventualmente um candidato ligado à direita bolsonarista, como o deputado estadual Bruno Engler (PSL), ou à esquerda, como Nilmário Miranda (PT) e a deputada federal Áurea Carolina (PSOL).
A avaliação é que a direita, principalmente a bolsonarista, não votaria em candidatos da esquerda e vice-versa, o que facilitaria a vida de Alexandre Kalil em um eventual 2º turno.