EM BELO HORIZONTE

Jornalista que participou de mais de 50 debates lança livro sobre bastidores

O jornalista mineiro e diretor nacional de jornalismo da Rede Bandeirantes, Fernando Mitre, lança livro sobre os bastidores do debate eleitoral na TV em Belo Horizonte, nesta quinta-feira (14)

Por O TEMPO
Publicado em 14 de dezembro de 2023 | 08:00
 
 
 
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O jornalista mineiro Fernando Mitre, diretor nacional de jornalismo da Rede Bandeirantes de Televisão, está em Belo Horizonte nesta quinta-feira (14) para lançar o livro “Debate na Veia – Nos Bastidores da Tevê, A Democracia no Centro do Jogo”. A obra relembra os mais de 30 anos de carreira do jornalista participando em debates políticos, além de curiosidades e histórias pitorescas dos bastidores da TV. 

Com entrada franca e interpretação de Libras, o lançamento será às 19h30, na Academia Mineira de Letras (rua da Bahia, 1.466, Lourdes). A programação começa com mesa de debate com as participações do autor Fernando Mitre, do escritor Jacyntho Lins Brandão (presidente da Academia Mineira de Letras), da historiadora Heloisa Starling e do jornalista Murilo Rocha. A mediação é do também jornalista André Basbaum. 

Bastidores da TV e análises políticas

Além de trazer histórias inéditas e destacar importantes momentos políticos do Brasil sob uma ótica diferente, Mitre comenta sobre a intrínseca relação entre jornalismo e democracia. O jornalista ainda relembra o que chama de "emoção democrática", com o primeiro debate entre candidatos à Presidência da República após a redemocratização. 

"Ali se configurou definitivamente que a democracia tinha chegado ao país e que nós estávamos começando a trilhar o caminho da eleição. Naquela fase da história brasileira a informação e a emoção se encontravam o tempo todo. Naquela noite, no estúdio da Band, quando todas as bandeiras, ideias e propósitos se encontraram ao vivo, a emoção foi muito grande. A emoção realmente democrática, eu vi que a democracia emociona", comentou em entrevista ao O TEMPO.

Fernando Mitre tem mais de 60 anos de carreira, que se iniciou no Correio de Minas. Ele já passou pelo Diário de Minas e pelo semanário O Binômio, integrou a equipe que fundou o Jornal da Tarde (SP) e, em 1989, passou a trabalhar na Rede Bandeirantes de Televisão, onde se tornou, desde 1999, diretor nacional de jornalismo. Desde então, ele comenta que a política brasileira passou por diversas mudanças:

"O Brasil mudou muito, o eleitor mudou muito, os candidatos mudaram muito. É o que é a democracia: ensaio e erro. Na democracia você vai aprendendo, você vai treinando a fazer os seus direitos serem respeitados, os seus candidatos serem mais explícitos. A cada eleição, o eleitor tem mais condição de exigir dos candidatos aquilo que deve ser exigido, que são as reais ideias, as reais propostas dos candidatos".

Tendo produzido e participado de mais de 50 debates, Mitre acredita que o evento é extremamente importante para a democracia. Desde 1989, ele destaca que já viu candidatos garantirem a vitória de uma eleição durante o debate, e cita o curioso caso do embate entre Mário Covas e Paulo Maluf para prefeitura de São Paulo, em 1998.

"Começou o debate, o Paulo Maluf tinha sete pontos de vantagem nas pesquisas. Quando terminou o debate, ele estava com sete pontos de desvantagem. Houve uma mudança ali que mexeu com 14 pontos. Avaliar um debate é complicado, tem muita sutileza. Muitas vezes o candidato ganha o debate, se você considerar o debate como confronto de quem foi o mais irônico, mais agressivo, mas nem sempre ganhou o voto".

Lula X Bolsonaro 

Entre mais de 50 debates, Fernando Mitre destaca o confronto entre o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas eleições de 2022, como um dos mais emblemáticos. Ele classifica ambos os candidatos como "bons debatedores" e destaca que Lula ganhou experiência desde seu primeiro debate, em 1989.

"Eu acho que o Lula, é claro, evoluiu, mudou muito, mas ele sempre foi um bom debatedor. Nesse último debate foi muito interessante, não só o que foi para o ar, mas o que não foi também. Os bastidores foram incríveis. Eu até hoje, quando lembro daquilo, eu fico tenso, porque as tensões não faltaram naquele momento. Mas o Lula é um debatedor nato, como o Bolsonaro também é um nome de confronto. Naquele debate dos dois, cada um agiu de acordo com as suas características, que são de confronto. O Bolsonaro é um debatedor, é um brigador", analisa. 

Este, entretanto, não seria o debate ideal para Mitre. Ele afirma que acredita que o melhor é um debate mais tranquilo, no qual o candidato ao invés de ser duro, analisa melhor as propostas e questões que dizem respeito à vida da população.

"Numa campanha polarizada, com muita agressividade, com ondas de ódio, o candidato tem que ser duro na hora do confronto. Numa campanha mais tranquila, o candidato deve procurar enfatizar os conteúdos fundamentais, mais das questões que dizem respeito à vida da população. Eu diria até que isso é o debate ideal. Mas, dependendo das tensões, às vezes o candidato tem de ser mais agressivo, tem que ser mais eficiente no ataque, mas isso depende da circunstância de cada campanha. Não existem padrões prontos ou fórmulas. Elas dependem da campanha eleitoral".

Serviço:

O que: Lançamento do livro “Debate na Veia – Nos Bastidores da Tevê, A Democracia no Centro do Jogo”, do jornalista Fernando Mitre 

Quando: Quinta (14), 19h30. Abertura às 19h

Onde: Academia Mineira de Letras (r. da Bahia, 1.466 – Lourdes – Belo Horizonte-MG)

Quanto: R$ 90 (vendido no local do evento) / Para adquirir online acesse: bit.ly/DebateNaVeia

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