Os jovens de 16 a 24 anos em Minas Gerais demonstram preferência pela candidatura de Lula (PT) à Presidência, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) registra seu pior desempenho justamente nessa faixa etária. É o que mostra a pesquisa DATATEMPO, realizada entre os dias 24 e 27 de setembro em todo o Estado.
Se as eleições dependessem apenas dos jovens mineiros, Lula ficaria perto de vencer já no primeiro turno, com 43,4% das intenções de voto. O índice é numericamente maior do que o desempenho do ex-presidente na média de todas as faixas etárias (40,4%), mas a variação está dentro da margem de erro de 2,63 pontos percentuais para mais ou para menos.
“Nossos dados apontam que hoje essa faixa de idade detém o maior grau de insatisfação em relação ao governo atual, de forma que avalia o governo Bolsonaro mais negativamente e possui taxas de desaprovação mais altas, o que a faz aderir a outros candidatos de oposição, em um desejo mais claro de mudança”, explica a pesquisadora Audrey Dias, do DATATEMPO.
É entre os jovens que o petista registra a maior intenção de voto em Minas na divisão por idade. Do ápice de 43,4% entre os eleitores de 16 a 24 anos, Lula cai numericamente para 38,9% entre as pessoas de 25 a 34 anos. Na faixa de 35 a 44 anos, o ex-presidente tem 40,2% e chega a 41,7% no grupo de 45 a 59 anos. Dos eleitores com 60 anos ou mais, 38,6% pretendem votar em Lula.
Já Bolsonaro tem desempenho abaixo da média entre os jovens, mas as intenções de voto aumentam entre os eleitores mais velhos.
O presidente tem a preferência de 20,1% dos eleitores em geral. Porém, o índice cai numericamente para 16,2% entre os jovens de 16 a 24 anos e para 17,8% entre os eleitores de 25 a 34 anos.
O presidente registra desempenho acima de seu resultado no eleitorado em geral entre as pessoas de 35 a 44 anos (22,1%), de 45 a 59 anos (20,8%) e entre aqueles com 60 anos ou mais (23,1%). Todas as variações dos percentuais nas faixas etárias em relação à votação geral de Bolsonaro estão dentro da margem de erro.
“Nossos dados para o Estado mostram um mesmo padrão encontrado na pesquisa nacional: os eleitores de Bolsonaro são mais velhos, de rendas mais altas e mais conservadores. Já os de Lula seriam pessoas mais jovens e com renda mais baixa”, afirma Audrey.
Assim como Bolsonaro, a quem é alinhado politicamente, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), tem seu pior desempenho entre os jovens de 16 a 24 anos. Porém, mesmo assim, o governador ainda registra uma intenção de votos expressiva de 36,3% nesse grupo.
Zema melhora seu desempenho entre os eleitores de 25 a 34 anos (38,9%), de 35 a 44 anos (41,3%), de 45 a 59 anos (42,1%), até chegar a 42,7% entre os eleitores com 60 anos ou mais.
Já a intenção de voto do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), na fatia mais jovem do eleitorado é praticamente a mesma que ele tem com o eleitorado em geral: Kalil alcança 18,9% na faixa etária de 16 a 24 anos, enquanto sua intenção de voto entre todos os eleitores é de 19,1%. As variações na estratificação por idade tanto de Zema quanto de Kalil estão dentro da margem de erro na comparação com o desempenho deles entre os eleitores de forma geral.
Dados. Foram feitas 1.392 entrevistas domiciliares em todo o Estado, entre 24 e 27 de setembro. O grau de confiança é 95%, e a margem de erro é 2,63 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Um terço sofre com insegurança econômica
A DATATEMPO criou um índice para medir a situação econômica dos cidadãos de Minas Gerais. De acordo com a pesquisa, 33,5% dos mineiros estão em situação de insegurança econômica. Outros 50,9% estão estáveis economicamente, e 15,6% têm uma situação financeira segura.
“Apesar do Estado estar em uma posição mais confortável do que a média nacional, é preciso destacar que duas regiões mineiras, Vale do Mucuri e Jequitinhonha, possuem hoje mais de 40% da população em situação de insegurança econômica, o que deve ser visto como sinal de alerta”, afirma a pesquisadora Audrey Dias, do DATATEMPO.
O índice de segurança econômica foi medido em uma escala de concordância com quatro afirmações apresentadas. Foi considerado em situação de insegurança quem disse que concorda totalmente ou concorda com as afirmações.
Já quem respondeu que não concorda nem discorda, discorda ou discorda totalmente foi tido como seguro economicamente. Os entrevistados que não souberam ou não quiseram responder foram excluídos da elaboração do índice.
Segundo o levantamento, 56,4% das pessoas disseram estar preocupadas com a quantidade de dívidas que têm. Já 73,5% responderam que sentem que os salários delas não são suficientes para manter uma boa qualidade de vida. Já 58,8% relataram que têm enfrentado dificuldades para pagar despesas básicas.
A última pergunta era sobre o surgimento de uma conta inesperada no valor de R$ 100: 52,7% concordaram que teriam dificuldade de pagá-la.