BRASÍLIA — O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, circulou pela praça dos Três Poderes horas antes do atentado a bomba na quarta-feira (13). À tarde, ele saiu do palácio do STF e caminhou pela praça por cerca de quatro minutos em direção à Casa de Chá — cafeteria recém-reinaugurada na praça dos Três Poderes em monumento tombado e projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
À noite, o catarinense Francisco Luiz se dirigiu à entrada principal do prédio do Supremo Tribunal Federal, onde arremessou bombas e explodiu o próprio corpo em um atentado contra a Corte. Ele é também autor de uma explosão em um carro que ocorreu a 450 metros dali, na entrada do Anexo IV da Câmara dos Deputados.
"Nós havíamos retirado as grades. Uma coisa bonita, via da janela da minha sala as pessoas circulando pela praça. Eu mesmo estive lá ontem [quarta-feira, 13]. Ainda bem que esse sujeito não cruzou comigo. Estávamos só eu e a secretária de Comunicação do STF", declarou Barroso nesta quinta-feira, lamentando que gradis tenham voltado a cercar o prédio após o ocorrido.
Imagens registradas pelo circuito interno de segurança da Câmara dos Deputados indica que o encontro, de fato, poderia ter ocorrido porque o autor das explosões estava na região pelo menos desde a manhã de quarta-feira. Ele entrou no Anexo IV da Câmara às 8h15 e usou o banheiro.
Um relato da ex-mulher do autor obtido pela Polícia Federal (PF) indica que a intenção dele era invadir o STF e matar o ministro Alexandre de Moraes. Forças de segurança e autoridades que atuam na investigação do atentado analisam a hipótese do crime ser correlato aos atos do 8 de Janeiro.
As explosões em Brasília tendem a enterrar o Projeto de Lei (PL) que tramita na Câmara dos Deputados para anistiar os presos naquela ocasião. Barroso engrossou o coro contra a anistia. "É uma discussão própria do Congresso. Mas, passar a mão na cabeça em episódios como os que aconteceram aqui não é um discurso verdadeiro. É preciso responsabilizar porque, senão, quem perder as eleições em 2026 vai achar que pode fazer a mesma coisa", disse. "Acho que é um equívoco", concluiu.
Antes, na abertura da sessão desta quinta-feira, o ministro já havia se manifestado contra a anistia ao citar o atentado contra o Supremo Tribunal Federal nessa quarta-feira.
"Relativamente a este último episódio, algumas pessoas foram da indignação à pena, procurando naturalizar o absurdo. Não veem que dão um incentivo para que o mesmo tipo de comportamento ocorra outras vezes Querem perdoar sem antes condenar", afirmou.
As explosões também suscitaram críticas à demora na investigação sobre o 8 de Janeiro. O ministro argumentou que o processo está "perto do fim". "Acho que está em boa hora de concluirmos essa investigação que é complexa e estamos perto do fim para esse material ser entregue ao procurador-geral da República. Algumas pessoas se queixam das penas definidas, mas elas são definidas pelo Congresso Nacional", declarou.