BRASÍLIA - A Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para investigar o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que tentou abrir duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) contra o Padre Júlio Lancellotti na Câmara Municipal de São Paulo.
Segundo nota da corporação, as “diligências estão em andamento visando total esclarecimento dos fatos”. A investigação ocorre por determinação do Ministério Público de São Paulo, que atendeu a um pedido do Instituto Padre Ticão. A entidade alega abuso de poder e calúnia por parte do vereador contra o pároco.
Rubinho Nunes protocolou dois pedidos de CPIs na Câmara Municipal de São Paulo. Em dezembro do ano passado, o vereador solicitou uma investigação contra as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia, na região central de São Paulo.
Ainda que o requerimento não citasse o nome do padre, o vereador afirmou em entrevistas e nas redes sociais que Júlio Lancellotti seria um dos alvos da “CPI das ONGs”.
Em outro pedido de CPI, protocolado em março deste ano, Rubinho Nunes pediu investigação sobre abusos sexual e assédio sexual contra pessoas vulneráveis, usuários de drogas e moradores de rua. Para o vereador, Lancellotti “lucra” com a miséria no centro da capital paulista.
Ao Ministério Público de São Paulo, o Instituto Padre Ticão afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para investigar Júlio Lancellotti foi aberta sem a apresentação de qualquer indício de conduta criminosa por parte do religioso.
A entidade acredita que o vereador abusou de sua posição para fazer denúncias "sabidamente caluniosas". O promotor Paulo Henrique Castex, da 4ª Promotoria de Justiça Criminal da Capital, ordenou a abertura do inquérito, argumentando que é necessário investigar se houve "possível conduta com repercussão criminal".
Ao tomar conhecimento, o vereador Rubinho Nunes usou as redes sociais para chamar a decisão do MP de “completo absurdo” e disse que isso tudo é “uma tentativa bizarra de intimidação”.
Quem é o vereador Rubinho Nunes?
Rubinho Nunes é cofundador do Movimento Brasil Livre (MBL) e foi advogado do ex-deputado estadual e ex-integrante do MBL Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei - ele foi cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) em 2022 por quebra de decoro parlamentar, após vídeo misógino contra ucranianas que fugiam dos ataques russos.
Rubinho Nunes, que está em seu segundo mandato consecutivo de vereador, deixou o MBL em outubro de 2022. Ele atuava como advogado do movimento e liderou manifestações que precederam o impeachment de Dilma Rousseff (PT). De 2011 até hoje, Nunes integrou seis partidos: PR, MDB, Patriota, PSL, Podemos e União Brasil.