BRASÍLIA - O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi intimado a depor na próxima quarta-feira (17) na superintendência da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, sobre o caso da “Abin Paralela”. O parlamentar e ex-delegado da PF foi diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A PF quer que ele dê explicações sobre um áudio de uma reunião entre Ramagem, Bolsonaro e o então ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno. A gravação de uma hora e oito minutos é do dia 25 de agosto de 2020 e foi feita de forma ilegal.
Na conversa, eles discutiam formas de monitorar os auditores da Receita Federal para proteger o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), conhecido como o filho 01 do ex-presidente, no caso das ‘rachadinhas’. As advogadas do senador também participaram da reunião que teria acontecido no Palácio do Planalto.
O áudio foi apreendido pela PF na casa de Ramagem, em 24 de janeiro deste ano, e faz parte do inquérito da “Abin Paralela”, que apura o monitoramento ilegal realizado pela agência de inteligência durante a gestão de Bolsonaro, além da produção de fake news.
Segundo os investigadores, Alexandre Ramagem era o mandante do esquema, que monitorava ilegalmente políticos, autoridades do Judiciário, advogados e até jornalistas. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou o sigilo do inquérito na última quinta-feira (11).
Um desses casos, que está em investigação, é a espionagem ilegal contra os três auditores da Receita Federal, responsáveis por produzir os relatórios que originaram a investigação sobre o suposto desvio de parte dos salários dos funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), quando Flávio Bolsonaro era deputado estadual.
A PF não divulgou a íntegra desse áudio gravado por Ramagem, mas informa que ele chegou a falar sobre um suposto processo administrativo contra os servidores da Receita.
“Neste áudio é possível identificar a atuação do Del. Alexandre Ramagem indicando, em suma, que seria necessário a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da receita com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar alguns auditores de seus respectivos cargos”, mostra o trecho do relatório da Polícia Federal.
Flávio Bolsonaro e Alexandre Ramagem negam as acusações e falam em perseguição política, uma vez que o deputado federal e amigo de Bolsonaro é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro.
Pelas redes sociais, o deputado disse que os áudios reforçam que não houve interferência no caso de Flávio Bolsonaro sobre a suposta prática de "rachadinha".
“Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas. O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriram, parece ter ficado de lado", escreveu.
"A aquisição foi regular, com parecer da AGU, e nossa gestão foi a única a fazer os controles devidos, exonerando servidores e encaminhando possível desvio de uso para corregedoria. A PF quer, mas não há como vincular o uso da ferramenta pela direção-geral da Abin”, escreveu Ramagem pelo X (antigo Twitter).
Após as informações da última operação da PF, fica claro que desprezam os fins de uma investigação, apenas para levar à imprensa ilações e rasas conjecturas.
O tal do sistema first mile, que outras 30 instituições também adquiriam, parece ter ficado de lado.
A aquisição foi…