BRASÍLIA - O ex-ministro do Turismo do governo Jair Bolsonaro, Gilson Machado, deixou a prisão na noite desta sexta-feira (13), em Recife, após ter sido solto por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele tinha sido preso durante a manhã também a mando de Moraes.

Porém, Machado terá que cumprir medidas cautelares impostas pelo ministro. Entre elas, o cancelamento de seu passaporte, a proibição de deixar a comarca de Recife e o impedimento de se comunicar com outros investigados no processo. Caso descumpra com alguma delas, será novamente preso.

Machado é suspeito de integrar um plano de fuga do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Na terça-feira (10), a PF pediu a abertura de uma investigação do ex-ministro, sob suspeita de ter agido para tentar obter um passaporte português para Cid.

O objetivo da ação seria facilitar uma eventual saída do tenente-coronel do país. O militar é réu na ação penal do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a suposta trama golpista após as eleições de 2022. A investigação também mira Bolsonaro e outros aliados.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou favorável ao início da apuração. Segundo indícios coletados pela PF, Gilson Machado foi em maio ao Consulado de Portugal em Recife, onde mora, para viabilizar o passaporte a Mauro Cid, mas sem sucesso.

No entanto, a PF apontou a possibilidade de ele procurar outros consulados ou mesmo a Embaixada portuguesa, em Brasília, com o mesmo objetivo.

Segundo a PGR, há "elementos sugestivos" de que o ex-ministro tenha atuado para "obstruir a instrução” da ação penal que investiga se Cid, Bolsonaro e outros tentaram aplicar um golpe de Estado no país, além de outras investigações, como o caso das joias.

Depoimento à PF

Enquanto esteve detido na sexta-feira, Gilson Machado prestou depoimento na Superintendência da Polícia Federal, em Recife. Ele negou qualquer envolvimento em um possível plano de fuga de Mauro Cid.

Mais cedo, ao chegar no Instituto de Medicina Legal (IML), o ex-ministro negou que tenha cometido irregularidades e disse que foi ao consulado português para pedir um passaporte ao pai.

“Não matei, não trafiquei drogas, não tive contato com traficante. Apenas pedi um passaporte para meu pai, por telefone, ao consulado português do Recife”, afirmou.

Gilson Machado foi ministro do Turismo de 2020 a 2022. Era um auxiliar próximo de Bolsonaro e se tornou conhecido também por tocar sanfona nas lives semanais do então presidente.