BRASÍLIA - O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), se desdisse em depoimento à Polícia Federal (PF) ao negar ter testemunhado conversas entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto.

A intimação ocorreu por ordem do ministro Alexandre de Moraes após Jorginho declarar, em entrevista no mês passado, que as duas principais lideranças do seu partido “conversavam bastante”. Indiciados por participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro e Valdemar estão proibidos de se comunicar desde fevereiro de 2024 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).. 

Aos policiais federais, o governador afirmou não ter presenciado nenhuma dessas conversas que ele anteriormente disse saber.

A fala de Jorginho Mello foi rechaçada por Jair Bolsonaro, que a tratou como “ato falho”. “Ele [Jorginho Mello] deu uma escorregada. Na mesma entrevista, ele disse que lamenta eu não falar com Valdemar e diz que eu tenho falado muito com Valdemar. Não é verdade, foi um ato falho dele”, garantiu o ex-presidente três dias depois, em Brasília.

Antes de sugerir que os dois conversavam, Jorginho Mello havia dito que Valdemar "está amargurado" com a decisão de Moraes, mas que, ainda assim, os aliados mantinham distanciamento físico:

“Ele [Valdemar] está amargurado agora porque o ministro Alexandre proibiu eles de conversarem. Tem o diretório nacional de Brasília e, quando o Bolsonaro está no escritório, ele fica lá no outro lado, em uma outra praça, a mais de 200 metros, para não conversarem”, afirmou, na mesma ocasião.

Diante da repercussão e da reação do STF, o Governo de Santa Catarina garantiu que Valdemar e Bolsonaro “seguem cumprindo a decisão judicial, apesar de ser injusto, segundo o próprio governador”.

Em nota, a administração estadual afirmou que “não é preciso muito esforço para perceber que Jorginho se referia ao período em que ambos construíram juntos, Valdemar e Bolsonaro, o partido mais sólido do Brasil, com os resultados históricos do PL nas eleições de 2022”.