BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) marcou para a próxima terça-feira (1º) os depoimentos de advogados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Paulo Costa Bueno, que ainda defende Bolsonaro, e Fábio Wajngarten, que já representou o ex-presidente, devem falar sobre a suposta obstrução de justiça na ação de golpe de Estado.
Os depoimentos devem acontecer no mesmo horário, mas em espaços diferentes, para evitar que eles tenham contato ou combinem as versões repassadas aos investigadores.
A ordem para que Bueno e Wajngarten fossem ouvidos foi assinada na última quarta-feira (27) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que é relator da ação da suposta trama golpista. O ministro atendeu a um pedido da defesa do tenente-coronel Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Segundo relatos apresentados por Cid e sua defesa, Bueno e Wajngarten teriam feito abordagens indiretas ao delator, inclusive por meio de sua filha de 14 anos, na intenção de influenciar sua colaboração com as autoridades.
O advogado Luiz Eduardo Kuntz, já investigado no mesmo inquérito e que representa o réu Marcelo Câmara, que também foi assessor de Bolsonaro, teria enviado diversas mensagens à adolescente pelo WhatsApp em 2023, sugerindo encontros, questionando se ela havia falado com a mãe e mencionando supostas “limpezas” em seu celular. A defesa alega que a intenção era induzi-la a apagar conversas.
Outros familiares de Cid também teriam sido procurados
Wajngarten, segundo o relato entregue à PF, também teria procurado familiares de Cid, como a esposa, Gabriela Ribeiro Cid, e a mãe, Agnes Barbosa Cid.
Em um dos episódios narrados, Paulo Costa Bueno e Luiz Eduardo Kuntz teriam abordado a mãe de Cid em um evento na Hípica de São Paulo para tentar convencê-la a influenciar o delator a mudar de defesa. Moraes viu, nos relatos, indícios de prática do crime de obstrução de investigação de organização criminosa.