BRASÍLIA – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quarta-feira (25) o interrogatório de Fábio Wajngarten – ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro – e do advogado Paulo Costa Bueno, por suspeita de tentativa de obstrução de investigações que envolvem organização criminosa. 

A decisão atendeu a um pedido da defesa do tenente-coronel Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República.

Segundo relatos apresentados por Cid e sua defesa, eles teriam feito abordagens indiretas ao delator, inclusive por meio de sua filha de 14 anos, G.R.C., com o objetivo de influenciar sua colaboração com as autoridades.

O advogado Luiz Eduardo Kuntz, já investigado no mesmo inquérito, teria enviado diversas mensagens à adolescente pelo WhatsApp em 2023, sugerindo encontros, questionando se ela havia falado com a mãe e mencionando supostas “limpezas” em seu celular. A defesa alega que a intenção era induzi-la a apagar conversas.

Outros familiares de Cid também teriam sido procurados

Wajngarten, segundo o relato entregue à Polícia Federal, também teria procurado familiares de Cid, como a esposa, Gabriela Ribeiro Cid, e a mãe, Agnes Barbosa Cid.

Em um dos episódios narrados, Paulo Costa Bueno e Luiz Eduardo Kuntz teriam abordado a mãe de Cid em um evento na Hípica de São Paulo para tentar convencê-la a influenciar o delator a mudar de defesa.

Diante da gravidade das acusações, Moraes considerou os relatos como indícios de prática do crime de obstrução de investigação de organização criminosa.

O ministro deu prazo de cinco dias para que a Polícia Federal ouça Wajngarten e Costa Bueno. Além disso, ordenou que, em até dez dias, seja anexado ao inquérito o laudo de extração de dados do celular da filha de Mauro Cid, entregue voluntariamente à PF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) foi notificada da decisão.