BRASÍLIA - O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta terça-feira (15), que conversou com o filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e garantiu que a relação entre os dois está pacificada. O ex-presidente também comentou sobre sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Bolsonaro disse que é “apaixonado” pelo republicano e pela política norte-americana.
As declarações foram concedidas em entrevista ao portal Poder 360. “Hoje eu conversei com Eduardo e Tarcísio e foi colocada uma pedra em cima desse assunto. Não podemos dividir, Tarcísio é um grande gestor, nada de críticas a ele. É obrigação do Tarcísio defender o seu estado. Ele se reuniu com o encarregado do governo americano, e está buscando uma alternativa. Lula deixou isto a cargo do Itamaraty, e o Itamaraty é uma piada”, disse.
O atrito entre o filho 03 e Tarcísio ocorreu após Donald Trump anunciar, na última semana, tarifas de 50% sobre exportações brasileiras, entre outras coisas, em resposta ao processo contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Para tentar mitigar os impactos do “tarifaço”, o governador se reuniu com representantes da embaixada dos Estados Unidos em Brasília e com diplomatas em São Paulo, defendendo diálogo e cooperação para proteger a economia do estado.
A iniciativa irritou Eduardo, que está nos Estados Unidos e se apresenta como interlocutor direto com Trump. Em entrevista à Folha de S.Paulo, ele criticou publicamente o governador, afirmando que a negociação foi feita pelos “canais errados” e que a ação de Tarcísio foi “um desrespeito”, uma vez que ele, Eduardo, teria acesso direto à Casa Branca. Tarcísio, por sua vez, manteve o distanciamento e reiterou que sua prioridade é defender os interesses de São Paulo.
Ainda nesta terça-feira, o deputado federal licenciado voltou a criticar o paulistano pelas redes sociais. “Prezado governador Tarcísio, se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades. (...) Mas como, para você, a subserviência servil às elites é sinônimo de defender os interesses nacionais, não espero que entenda”, escreveu.
A postura de Tarcísio em relação às tarifas mudou após, em um primeiro momento, ele ter se concentrado em criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e apontá-lo como culpado. O governador busca protagonismo nas negociações com os Estados Unidos de olho nas eleições de 2026 e seguirá, ao longo deste mês, se reunindo com representantes de setores produtivos e do governo americano.
“Apaixonado por Trump”
Ainda durante a entrevista ao Poder 360, o ex-presidente afirmou ser “apaixonado” pelo presidente dos Estados Unidos. “Trump é imprevisível. Eu gosto dele. Eu sou apaixonado por ele. Eu sou apaixonado pelo povo americano, pela política americana. Nunca escondi isso. Trump sempre me tratou como um irmão”, disse. Nesta terça-feira, o republicano disse que não é “amigo” de Bolsonaro, mas acredita que o ex-presidente brasileiro está sofrendo um “caça às bruxas”.
Ao ser questionado sobre a decisão do norte-americano de taxar, a partir de 1º de agosto, as exportações brasileiras em 50%. Bolsonaro disse que se fosse o presidente em exercício, o acordo já teria sido concretizado e negou que ele ou a família tenham qualquer relação com a decisão de Trump na área econômica - Eduardo é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente tentar “interferir internacionalmente” no processo do pai por golpe de Estado.
“Para este governo, o caos é importante. O que o Trump procura é paridade das taxações, ele não pede muita coisa. Nada disse teve participação nossa, não houve lobby. Eduardo não teve participação direta nisso, ninguém está vibrando com a taxação. Eu não vinculo minha anistia a isso. Eu e Eduardo somos contra o tarifaço. Gostaria de conversar com o Trump, sim. Ele apresentaria uma proposta”, declarou o ex-presidente.
Ainda sobre o processo que responde no STF, Bolsonaro negou a intenção de deixar o país. "Estou com 70 anos, cheio de problema de saúde, como é que vou para outro país? Outra, quero ver esse julgamento meu. Estou falando para vocês aqui e vou começar a falar para a imprensa: como posso ser responsável por danificar patrimônio se eu estava nos Estados Unidos?", indagou.