BRASÍLIA – O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (15), que foi pressionado por deputados da legenda a ingressar com a ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) questionando o funcionamento das urnas eletrônicas no segundo turno das eleições de 2022. 

Segundo ele, a iniciativa foi contra sua vontade e resultou em grandes prejuízos políticos e financeiros ao partido.

“Fui pressionado pelos deputados. Vazaram a informação de que eu teria dúvidas sobre as urnas, o que não era verdade. Acabamos recorrendo ao TSE por insistência da bancada”, disse Valdemar durante audiência da ação penal que julga réus do chamado núcleo 4 da tentativa de golpe de Estado. Ele foi ouvido como testemunha de defesa de Carlos Cesar Moretzsohn, um dos indiciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

O questionamento à Justiça Eleitoral – que pedia a anulação de votos de mais de 250 mil urnas – foi rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral, que ainda aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao PL por litigância de má-fé. Essa conduta ocorre quando uma parte age com deslealdade, utilizando o processo para obter vantagem indevida ou prejudicar a parte contrária. 

“Levamos uma multa de R$ 23 milhões. Foi um prejuízo enorme para o partido”, reforçou Valdemar.

A fala do presidente nacional do Partido Liberal no STF confirma declarações já prestadas à Polícia Federal no ano passado, nas quais ele também relatou ter sido pressionado por aliados, inclusive pelo então presidente Jair Bolsonaro. 

Valdemar garante que nunca questionou a eficácia do voto eletrônico

No depoimento à PF, Valdemar afirmou não ter razões para desconfiar do sistema eleitoral e declarou que, ao longo dos anos, jamais testemunhou qualquer irregularidade. E que chegou a orientar a bancada do partido a rejeitar a proposta de voto impresso.

O depoimento foi colhido por videoconferência e conduzido por uma juíza auxiliar do gabinete de Moraes. As audiências fazem parte da fase de instrução da ação penal que envolve o chamado “núcleo 4”, acusado pela PGR de atuar para minar a confiança nas urnas e instigar as Forças Armadas a aderirem a um plano de ruptura institucional.

Ao longo da semana o STF deverá ouvir até 178 testemunhas de defesa e acusação ligadas aos quatro núcleos da suposta trama golpista.