BRASÍLIA – O município de Campo Formoso (BA) voltou a ser alvo da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (17/7), em uma ação que jogou luz sobre o suposto uso político de emendas parlamentares e a manipulação de licitações públicas.
Durante a quinta fase da Operação Overclean, policiais encontraram notas de dinheiro escondidas dentro de um sapato na casa do vereador Francisquinho Nascimento (União), primo do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), líder do Centrão no Congresso.
Francisquinho, que já havia sido preso no fim do ano passado ao jogar uma mala com mais de R$ 200 mil pela janela durante outra batida da PF, voltou ao centro das investigações. Segundo os agentes, ele usava o cargo de vereador – e antes disso, o de secretário-executivo da prefeitura – para favorecer empresas envolvidas no esquema de corrupção.
A operação desta quinta-feira cumpriu 18 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Formoso, Salvador, Senhor do Bonfim, Mata de São João, Brasília e Petrolina (PE). Também houve o afastamento cautelar de um servidor público. A ação contou com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Receita Federal.
Família Nascimento na mira da PF
O foco da nova fase é a estrutura política que gira em torno da família Nascimento. Embora o deputado Elmar não tenha sido alvo direto da operação, a Polícia Federal aponta que ele indicou emendas parlamentares que abasteceram convênios sob suspeita entre a Prefeitura de Campo Formoso – comandada por seu irmão, Elmo Nascimento – e a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).
A Codevasf afirmou, em nota oficial, que colabora integralmente com as investigações e que mantém o "compromisso com a elucidação dos fatos e com a integridade de suas ações". A licitação sob suspeita foi realizada em 2023, a partir de repasses firmados no ano anterior.
O ex-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, também foi alvo de mandado de busca. O pai dele foi preso por posse de arma com registro irregular durante o cumprimento da medida. A investigação aponta para um esquema robusto de fraudes, que teria movimentado milhões em recursos públicos. O STF já determinou o bloqueio de R$ 85,7 milhões em bens dos investigados, incluindo pessoas físicas e jurídicas.
Entre os crimes apurados estão corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitações, peculato e embaraço à investigação, conforme detalhou a Polícia Federal. A PF afirma que o grupo agia em rede, envolvendo diferentes níveis de governo e estruturas administrativas para dar aparência de legalidade aos contratos.