BRASÍLIA – O ex-assessor internacional da Presidência da República no governo Bolsonaro Filipe Martins foi interrogado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (24) e negou qualquer envolvimento com a chamada "minuta do golpe".
O documento é citado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como parte do plano para reverter o resultado das eleições de 2022 e teria sido regido pelo aliado do ex-presidente.
Réu por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa, Martins afirmou que o tenente-coronel Mauro Cid, delator do caso, “tem contado mentiras”.
Martins classificou o documento como uma “minuta fantasma” e alegou nunca ter tido acesso ou discutido qualquer proposta para decretar Estado de Sítio ou prender autoridades. Segundo ele, “não existe nenhum documento com dez páginas” e, apesar das acusações, "o próprio colaborador confirmou isso".
A suposta minuta foi apontada por Mauro Cid como fruto de discussões entre ele, Martins e o então presidente Jair Bolsonaro (PL), como parte de um plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Filipe Martins nega participação em reunião com militares
Durante o interrogatório, Martins afirmou que não participou da reunião de 7 de novembro de 2022, entre Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas, na qual, segundo a denúncia, o documento teria sido apresentado.
“Não participei de nenhuma reunião de minuta. Não houve consulta, nem leitura. Nunca me reuni com comandantes militares”, declarou o ex-assessor.
Filipe Martins é acusado de integrar o chamado núcleo 2 da trama golpista, formado por pessoas com cargos estratégicos no governo que, segundo a PGR, atuaram para viabilizar ações contra a democracia. Entre os demais integrantes desse grupo estão o general Mario Fernandes e o ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques.
Além dele, o STF também investiga réus de outros três núcleos:
- O núcleo 1, formado por Bolsonaro e aliados diretos, responsáveis por liderar a estratégia golpista;
- O núcleo 3, majoritariamente composto por militares, que teria atuado para tentar convencer as Forças Armadas a aderirem ao golpe;
- E o núcleo 4, voltado à logística e à omissão nos atos de 8 de janeiro, incluindo ex-integrantes da segurança pública e da Abin.
A fase atual do processo é dedicada aos interrogatórios dos acusados. Após a conclusão dessa etapa, a PGR apresentará suas alegações finais, com possível pedido de condenação. Depois disso, será a vez das defesas se manifestarem antes do julgamento definitivo pelo STF.