BRASÍLIA – A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu nesta quinta-feira (21/8) o indiciamento da Polícia Federal (PF) que aponta descumprimento de medidas cautelares e tentativa de obstrução do julgamento da trama golpista em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os advogados classificaram como “surpreendente” a conclusão dos investigadores e garantiram que os pontos questionados serão respondidos no prazo determinado pelo ministro Alexandre de Moraes.
Na nota assinada por Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser, a equipe jurídica de Bolsonaro afirmou que “jamais houve o descumprimento de qualquer medida cautelar previamente imposta”.
Os defensores acrescentaram ainda que a interpretação apresentada pela PF não corresponde à conduta do ex-presidente, que, segundo eles, tem cumprido integralmente todas as restrições judiciais.
Eduardo Bolsonaro foi indiciado junto com o pai pela PF
O relatório da PF, entregue ao STF, incluiu também o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Para os investigadores, pai e filho atuaram de forma articulada para tentar constranger ministros do Supremo, em ações que envolvem desde a propagação de informações falsas até a busca de apoio internacional junto a aliados de Donald Trump.
O documento cita ainda indícios de crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado democrático de direito.
Na quarta-feira (20/8), Eduardo Bolsonaro já havia divulgado nota em que classificou as acusações como um “crime absolutamente delirante”. Ele também criticou o vazamento de mensagens privadas entre ele e o pai, que, segundo disse, foram interpretadas de maneira “lamentável e vergonhosa” pela investigação. Nelas, Eduardo xinga o pai com palavrões.
O indiciamento é mais um capítulo da crise política e judicial que envolve o ex-presidente e aliados próximos desde a tentativa de golpe em 2022. Agora, caberá à Procuradoria-Geral da República avaliar o relatório e decidir se apresenta denúncia formal ao Supremo Tribunal Federal.