EMBATE

Bolsonaro compara Brasil a Venezuela e Nicarágua: ‘inelegível por quê”?

'Não tenho medo de qualquer julgamento, desde que os juízes sejam isentos', afirmou o ex-presidente em primeira aparição pública após a divulgação de depoimentos

Por Levy Guimarães
Publicado em 16 de março de 2024 | 13:21
 
 
 
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) comparou sua situação à de opositores dos governos da Venezuela e da Nicarágua, países comandados por presidentes de esquerda onde lideranças de oposição foram presas nos últimos anos.

Neste sábado (16), ele participou do lançamento da pré-candidatura do deputado federal Delegado Ramagem (PL) à prefeitura do Rio de Janeiro, em evento na quadra da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Em seu discurso, disse que o mundo “caiu em cima da cabeça de Ramagem”, em referência às investigações da “Abin paralela”, como “vem caindo” na cabeça dele.

“Sou um paralelepípedo no sapato da esquerda. A Venezuela torna seus opositores inelegíveis. A Nicarágua prende os opositores. No Brasil, me tornaram inelegível por quê?” , disse.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Bolsonaro inelegível por oito anos devido a ataques que tentaram descredibilizar as urnas eletrônicas, em uma reunião com embaixadores em junho de 2022, no Palácio da Alvorada.

“Nós queremos uma política em que ninguém fora do povo decida quem vai ser candidato ou não. A candidatura é sagrada, a não ser para aquele com uma condenação penal em 2ª instância. [...] Não tenho medo de qualquer julgamento, desde que os juízes sejam isentos”, afirmou.

'Minuta golpista'

Esta é a primeira aparição pública de Bolsonaro após os depoimentos, revelados nesta sexta-feira (15) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apontam que o ex-presidente teria apresentado a comandantes das Forças Armadas uma minuta do que seria um golpe de Estado para se manter no poder após as eleições de 2022.

Os ex-comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, e da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Júnior, disseram que Bolsonaro sabia da chamada “minuta golpista” e apresentou opções de medidas para impedir a posse de Lula. Entre elas, GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e de sítio em relação ao processo eleitoral. 

Baptista Júnior relatou aos investigadores que Freire Gomes chegou a comunicar que prenderia Bolsonaro caso ele tentasse colocar em prática um golpe de Estado. Por outro lado, o então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, colocou as tropas à disposição ao discutir as minutas apresentadas por Bolsonaro, segundo Baptista Júnior.

‘Abin paralela’

Já o deputado Delegado Ramagem está no centro da investigação que apura um suposto esquema ilegal de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro. A instituição era chefiada por Ramagem.

As suspeitas são de monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas, utilizando ferramentas de geolocalização de dispositivos móveis, como celulares, sem autorização judicial.

Outros policiais exerciam a função subordinada cumprindo as determinações de monitoramento de alvo e produzindo relatórios. Havia ainda outros responsáveis por diligências que resultaram na tentativa de vinculação de parlamentares e ministros do Supremo a organizações criminosas.

De acordo com a Polícia Federal, foi identificada uma organização criminosa que tinha como intuito monitorar ilegalmente pessoas, entre elas autoridades públicas, invadindo aparelhos celulares e computadores.

(*) Atualizado às 18h28 para atualização de subtítulo

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