O plano inicial do atentado terrorista que foi descoberto após um caminhoneiro ver uma bomba sob um caminhão carregado com querosene de aviação perto do Aeroporto de Brasília em 24 de dezembro de 2022 era explodir o artefato dentro da área de embarque do terminal, o terceiro mais movimentado do país.

A revelação foi feita por Alan Diego dos Santos Rodrigues, preso por envolvimento na tentativa de atentado de 24 de dezembro. Ele fez a declaração em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal. O teor foi revelado pela TV Globo nesta segunda-feira (23).

Alan Diego contou, na sexta-feira (20), que o plano de George Washington de Oliveira, 54 anos, era deixar a bomba na área de embarque do aeroporto. George Washington foi o primeiro a ser preso na investigação do atentado. Ele confessou ser o responsável pela confecção do artefato explosivo.

Ainda no depoimento, Alan Diego disse ter recebido a bomba de George Washington no acampamento bolsonarista montado em frente ao Quartel-general do Exército em Brasília, na véspera do Natal. Pouco depois, deixou o explosivo no paralama de um caminhão-tanque perto do aeroporto.

Alan Diego afirmou que a ordem de George Washington era deixar o artefato na área de embarque. Alan Diego, no entanto, disse, aos investigadores, que não “achou correto”. Por isso, mudou o plano e colocou o artefato no paralama traseiro de um caminhão-tanque, entre 3h e 4h de 24 de dezembro de 2022.

O extremista também confirmou, como a polícia já havia descoberto, que foi levado ao local do crime pelo blogueiro bolsonarista Wellington Macedo, que trabalhou no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos durante a gestão de Damares Alves (Republicanos) na pasta no governo de Jair Bolsonaro (PL).

Wellington já respondia pelo crime de incitar atos contra as instituições democráticas durante o 7 de setembro de 2022 e teve prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Por isso ele usava tornozeleira eletrônica, o que não o impediu de continuar a usar as redes sociais para atacar instituições, políticos, ministros da Suprema Corte e até pedir intervenção militar.

Foi graças à tornozeleira eletrônica que a polícia pôde refazer os passos Wellington Macedo e de Alan Diego no dia da tentativa de atentado no aeroporto. Além disso, câmeras de vigilância do terminal aéreo capturaram a ação criminosa da dupla. Desde que a tentativa de atentado foi descoberta, o jornalista está foragido.

Bombeiros e 190 ignoraram tefeonema sobre bomba no aeroporto

De acordo com Alan, depois de ter deixado a bomba no caminhão-tanque, “a ficha caiu” sobre a gravidade do que havia feito. Ele então procurou um telefone público próximo à Rodoviária do Plano Piloto – que fica na área central de Brasília, em frente à Esplanada dos Ministérios – para ligar para a polícia. No entanto, segundo ele, o atendente da Central de Emergência da Polícia Militar (disque 190) não acreditou na história que contava.

Ainda segundo Alan Diego, ele e Wellington Macedo  voltaram ao caminhão-tanque e depois ligaram para o Corpo de Bombeiros, “que disse que não tinha nada a ver com aquela ligação” e que o caso deveria ser comunicado à Polícia Militar.

Planos de explosões eram comuns no QG do Exército em Brasília

Alan Diego disse ainda que desde que chegou ao acampamento no QG do Exército “sempre ouvia conversas sobre explosão pelos manifestantes”, como uma ação que provocaria uma intervenção militar.

Ele afirmou também que George Washington encomendou as matérias-primas do explosivo do Pará. O primeiro dos três a ser preso chegou a fazer cursos no Distrito Federal para aprender a fabricar os artefatos, segundo Alan Diego.

Natural de Comodoro (MT), Alan Diego foi o segundo a ser preso, após se entregar à Polícia Civil de Mato Grosso. Ele foi transferido para Brasília em 19 de janeiro, onde segue preso na Papuda.

O TEMPO agora está em Brasília. Acesse a capa especial da capital federal para acompanhar as notícias dos Três Poderes.