Unidade militar

Mauro Cid ficará preso em Batalhão do Exército, em Brasília

O local é o mesmo em que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ficou preso por quatro meses no ano passado; nova prisão é por obstrução à Justiça

Por Lucyenne Landim
Publicado em 22 de março de 2024 | 16:19
 
 
 
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Preso pela segunda vez em um intervalo de dez meses, o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ficará sob custódia no Batalhão da Polícia do Exército, em Brasília (DF). Cid recebeu ordem de prisão nesta sexta-feira (22) em meio a depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) e seguiu para o Instituto de Medicina Legal (IML), para passar por exame de corpo de delito. De lá, ele seguiu para a unidade militar.

Este é o mesmo lugar que Cid passou quatro meses preso, entre maio e setembro do ano passado. Ele deixou a unidade após receber liberdade provisória do ministro do STF Alexandre de Moraes (o mesmo que assinou a nova ordem de prisão). A prisão de militares no Batalhão, e não em um espaço que recebe civis, é prevista na lei que define o estatuto da carreira.

O Batalhão da Polícia do Exército fica no Setor Militar Urbano (SMU), localizado no centro de Brasília e distante cerca de nove quilômetros do STF. O local é o mesmo onde fica a casa de Mauro Cid. Além de unidades de operação militar, o setor é reservado para moradia de integrantes da carreira.

A nova prisão teve como alegação o descumprimento de medidas cautelares e obstrução à Justiça. O ex-assessor direto de Bolsonaro foi convocado a prestar novo depoimento após a revista Veja ter divulgado, na quinta-feira (21), áudios em que Cid critica a Polícia Federal (PF) e a Moraes

Nos áudios, Cid diz que a PF possui uma narrativa pronta contra Bolsonaro e declara que se sentiu pressionado nos depoimentos. "Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles”, disse. “Não adianta. Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, acrescentou.

Em outro áudio, Cid dispara contra Moraes: "A lei já acabou há muito tempo. Eles são a lei. O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”.

O militar ainda reclamou sobre o fato de ser tratado como “traidor” por Bolsonaro, aliados políticos do ex-presidente e eleitores dele, e alegou que, se não assinasse um acordo de delação premiada, iria pegar “30, 40 anos de prisão". E destacou que, enquanto isso, Bolsonaro "ficou milionário" com a campanha de arrecadação ao ex-presidente, que teria recebido mais de R$ 17 milhões de apoiadores por Pix.

Antes do militar ser preso, advogados dele disseram que os áudios “não passavam de desabafos” enviados a um amigo por meio de Whatsapp e que não comprometem a "lisura, seriedade e correção” da delação firmada pelo militar com a PF, sob respaldo da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do STF. Integrantes do alto escalão da PF levantam a possibilidade de anulação do acordo de delação premiada.

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