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'Não me iludo com os que julgava amigos', diz ex-comandante da FAB após ataques

Material da PF mostra Braga Netto xingando Baptista por não aderir ao plano de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro

Por O TEMPO Brasília
Publicado em 09 de fevereiro de 2024 | 14:47
 
 
 
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O ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, publicou nesta sexta-feira (9) texto em que diz que "aqueles que julgavam serem seus amigos foram derrotados pelas suas ambições".

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou operação deflagrada na última quinta-feira (8) pela Polícia Federal (PF), mostrou mensagens do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa de Bolsonaro em 2022, xingando Baptista por não aderir ao plano de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.

Em troca de mensagens, Braga Netto adjetivou o ex-ministro de "Traidor da pátria”. ‘Daí para frente. Inferniza a vida dele e da família", emendou. O ex-ministro ainda enviou uma série de memes com imagens irônicas em que Baptista Júnior era comparado com o personagem Batista da "Escolinha do Professor Raimundo".

"'A ambição derrota o caráter dos fracos. Aliás ... revela' . Já tendo passado dos 60 anos, não tenho mais o direito de me iludir com o ser humano, nem mesmo aqueles que julgava amigos e foram derrotados pelas suas ambições", escreveu ex-comandante da FAB nas redes sociais um dia depois da revelação dos conteúdos. 

Braga Netto não criticou apenas Baptista. Outro que foi alvo das suas trocas de mensagens foi o general Freire Gomes, então comandante do Exército, pela recusa do militar em aderir ao plano de golpe de Estado. Freire Gomes foi chamado de "cagão" pelo ex-ministro da Defesa, que também apoiou "oferecer a cabeça dele aos leões".

Segundo a PF, havia uma minuta de golpe de Estado em discussão para manter Bolsonaro no poder por conta da derrota eleitoral em 2022. Um documento nesse sentido teria sido entregue ao ex-presidente por seu então assessor Filipe Martins. Bolsonaro teria pedido mudanças na minuta para, então, pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano.

Já o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, recebeu elogios. Em delação premiada, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, apontou Garnier como o único comandante das Forças a colocar a tropa à disposição do ex-presidente para um golpe de Estado.

"As referidas mensagens vão ao encontro, conforme aponta a Polícia Federal, dos fatos descritos pelo colaborador MAURO CID, que confirmou que o então Comandante da Marinha, o Almirante ALMIR GARNIER, em reunião com o então Presidente JAIR BOLSONARO, anuiu com o Golpe de Estado, colocando suas tropas à disposição do Presidente, tudo de acordo com as imagens acima lançadas", disse a PF.

Operação Tempus Veritatis 

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã de quinta-feira (8) uma operação que visou buscar provas em investigação que apontam para uma “tentativa de golpe de Estado” em 2022, que estava sendo organizada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O plano impediria a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manteria o ex-presidente no poder, de acordo com a instituição.

Para conseguir os 33 mandados de busca e apreensão, as 48 medidas cautelares que podem incluem apreensão de passaporte e/ou proibição de manter contato com os demais investigados, além das quatro ordens de prisão, a PF apresentou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um relatório. O documento tem análises de investigadores, com material anexado e apresentado como prova.

O conteúdo inclui mensagens de textos e áudios, além de vídeos dos investigados. Na representação, a PF disse haver indícios de tentativa de que uma “organização criminosa” visava golpe de Estado e planejou a abolição violenta do Estado Democrático de Direito. 

Para a suposta trama criminosa, a PF apontou seis núcleos que disseminavam “a narrativa de ocorrência de fraude nas eleições presidenciais, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e, eventualmente, legitimar uma intervenção das Forças Armadas, com abolição violenta do Estado Democrático de Direito, em dinâmica de verdadeira milícia digital”.

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