Judiciário

Rotina do gabinete de Bolsonaro foi monitorada com quebras de sigilo por Moraes

Primeira interceptação se deu em 2021 e flagrou conversas corriqueiras e dia a dia do gabinete da Presidência

Por O Tempo Brasília
Publicado em 16 de maio de 2023 | 10:05
 
 
 

Quebras de sigilo autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos últimos anos, permitiram que a Polícia Federal tivesse acesso a detalhes da rotina do gabinete do presidente Jair Bolsonaro (PL) desde 2021.

De acordo com reportagem da "Folha de S. Paulo", uma decisão daquele ano permitiu que os investigadores pudessem acessar a nuvem em que eram armazenadas todas as conversas do tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente e que está preso em razão de operação sobre suposta fraude em cartões de vacinação. O ajudante de ordens é o principal preposto de um presidente, atuando no cumprimento de tarefas do dia a dia.

Segundo o jornal, as mensagens a que a Polícia Federal tinha acesso mostram em detalhes como se dava a rotina na Presidência e quais eram os diálogos entre assessores, inclusive em temas corriqueiros, como escalas com horários de servidores, brigas entre colegas e até um debate sobre uma possível demissão do ex-ministro Paulo Guedes (Economia). 

Além da quebra de sigilo das conversas de Mauro Cid, a PF pediu e obteve outras cinco autorizações para quebra de sigilos telemático, fiscal e bancário de um total de 13 pessoas, além de uma empresa. A lista inclui três assessores de Jair Bolsonaro e duas assessoras da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Essas quebras de sigilo, de acordo com a Folha de S.Paulo, subsidiaram investigações sobre um suposto esquema de desvio de dinheiro da Presidência por Meio de Mauro Cid a pedido de Michelle Bolsonaro. Além disso, foram usadas em apurações sobre a possível participação de Mauro Cid e outros funcionários de Bolsonaro em manifestações nos dias 7 de setembro de 2021 e 8 de janeiro de 2023, esta última que culminou com a invasão e a depredação de prédios dos Três Poderes. 

As quebras também foram utilizadas para embasar a ação de prisão de Mauro Cid e busca e apreensão na casa de Bolsonaro por suspeita em fraude nos cartões de vacina do presidente, de sua filha, do próprio Mauro Cid e de seus familiares.

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