O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (8) que “decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado”. Apesar de não citar o nome do dono da rede social X (antigo Twitter), Elon Musk, a nota de Barroso foi divulgada após o empresário colocar em xeque o cumprimento das determinações do Poder Judiciário no Brasil.
“O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras”, destacou o ministro em sua manifestação.
O embate entre Musk e o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), começou na madrugada de sábado (6), quando o bilionário respondeu em tom de crítica uma publicação feita por Moraes em 11 de janeiro, em que parabenizava o ministro da Justiça de Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pela posse no cargo. "Por que vocês exigem tanta censura no Brasil?", questionou o empresário.
O empresário continuou seus questionamentos em outras mensagens. Uma delas dizia: "Esta censura agressiva parece violar a lei e a vontade do povo do Brasil". Em outra publicação, que foi fixada ao perfil de Musk para que apareça sempre em destaque na página, ele escreveu:
"Estamos levantando todas as restrições. Este juiz aplicou multas pesadas, ameaçou prender nossos funcionários e cortou o acesso ao X no Brasil. Como resultado, provavelmente perderemos todas as receitas no Brasil e teremos que fechar nosso escritório lá. Mas os princípios são mais importantes do que o lucro".
O presidente do Supremo ressaltou o papel da Corte na defesa da democracia e contra o que chamou de “instrumentalização criminosa das redes sociais”. Leia a nota na íntegra:
“Como é público e notório, travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado Democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta Corte com observância do devido processo legal.
O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais.
O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras.
Decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado. Essa é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil."