Eleições 2022

Kalil intensifica agenda no Vale do Aço para recuperar antigo reduto petista

Ainda sem uma data definida, a expectativa é que Lula faça parte da comitiva

Por Letícia Fontes
Publicado em 04 de agosto de 2022 | 19:09
 
 
 
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O  pré-candidato ao governo de Minas Alexandre Kalil (PSD) planeja uma agenda de viagens à região do Vale do Aço, mais especificamente em Ipatinga, nos próximos meses com o seu aliado nas eleições, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O objetivo é reaproximar o eleitorado da região - que, segundo Kalil, tem uma enorme aversão ao PT - ao partido. Vale lembrar que nas últimas eleições o PT, que já foi dominante em Ipatinga, em Coronel Fabriciano e em Timóteo, perdeu nas principais cidades do Vale do Aço para os candidatos bolsonaristas. 

"Eu sei que Ipatinga tem uma rejeição. Eu até sou reconhecido aí, mas a minha administração tem que ser conhecida. Nós temos dois meses para mostrar isso, porque não pode ter aversão a um partido. Um dos maiores governos feitos em Ipatinga foi do PT, foi dos Ferramentas", relembrou Kalil durante entrevista na cidade do Vale do Aço. 

Segundo o ex-prefeito de Belo Horizonte, Minas tem se acostumado com o descaso e com o abandono. "Nós vamos ficar com a BR-262 e a BR-381 interditada? Isso no Sul não acontece. O grande problema é que nós estamos nos acostumando com essas coisas. Isso agora é normal, porque antes não era", criticou o político, que aproveitou para alfinetar o adversário Romeu Zema (Novo). 

Para Kalil, o eleitor irá precisar escolher entre o candidato gentil e educado e aquele que toma decisões. "Fala manso (Zema), é educado e gentil? Beleza, mas o que fez para a Ipatinga? O que fez para Timóteo? O que fez para essa região, para Valadares? Tem que olhar o que fez. Nós não podemos começar a achar tudo normal", questionou. "O presidente Lula sabe da importância do Vale do Aço, eu também sei da importância e sei do abandono. Se o outro (Zema) é melhor, vou até ele, mas vamos pensar quem é o melhor e como está o Estado de Minas Gerais", afirmou. 

Ainda durante a entrevista, Kalil voltou a reforçar que não é petista. "Nós estamos elegendo pessoas, que precisam estar filiadas a partidos. Eu sou do PSD, eu não sou o Lula e nem tenho a pretensão de ser, mas vamos ver o que o Lula fez para esse país, o que o governador fez para esse Estado, e vamos colocar os pingos no 'is'", completou Kalil, que voltou a criticar a atuação do governo de Minas durante a pandemia de Covid-19. 

"Ele (Zema) não tomou decisão nenhuma, quem tomou foram os prefeitos. Cada um teve que se virar sozinho, tudo foi feito pelo governo federal e pelas próprias prefeituras. Não houve nenhuma decisão dele (Zema), não só em relação à pandemia, mas sobre qualquer assunto do governo de Minas", argumentou. 

"Viana é meu amigo" 

Kalil criticou mais uma vez a relação de Zema e Bolsonaro (PL). Para o ex-prefeito de Belo Horizonte e pré-candidato ao governo de Minas, o seu opositor na disputa ao Palácio das Mangabeiras age por conveniência. 

Segundo Kalil, o senador Carlos Viana, candidato de Bolsonaro para a disputa em Minas, é seu amigo. Para o ex-prefeito da capital, Viana ao menos é fiel.  "Aquilo virou uma desordem tão grande, trai um, trai o outro, que eu ainda não entendi. O governador 'pregou o bottom' do Bolsonaro para ser eleito. Agora, que o presidente vai mal nas pesquisas, ele 'cola o bottom' do cara que era tão candidato quanto da outra vez", ironizou Kalil, que ainda acrescentou. "A única coisa que eu posso dizer é que o Viana sempre foi fiel ao Bolsonaro, é meu amigo. Eu não tenho nada contra o Viana, ele está pelo menos seguindo o rumo dele. Agora, essa 'geleia' que o governo (Zema) mostra de trair o Bolsonaro quando o Bolsonaro precisa dele, eu não acho legal", analisou. 

"Não vamos abrir 11 hospitais"

De acordo com Kalil, o seu plano de governo está sendo finalizado e um de seus pilares será saúde e infraestrutura. No entanto, segundo o pré-candidato ao governo de Minas, não dá para o eleitor acreditar que será possível abrir 11 hospitais regionais no Estado. Para ele, o projeto de recuperação fiscal elaborado pelo governo Zema está "entregando" Minas Gerais ao governo federal. 

"Não vamos falar mentira, não vamos abrir 11 hospitais regionais, porque 11 hospitais regionais custam anualmente R$ 2,5 bilhões. Então, não adianta acabar hospital (...) estão na justiça querendo o plano de recuperação fiscal e ao mesmo tempo estão prometendo reabrir hospital. Eu quero lembrar à população o que é seriedade na política", afirmou Kalil.

"Se for aprovado o plano de recuperação fiscal que ele (Zema) está colocando, não se pode contratar um médico. Como que vai inaugurar hospital? Como vai repor o médico ainda? Ele não tem, inclusive, o domínio financeiro sobre o Estado. Isso é feito por um comitê, onde 80% é do governo federal. Então, está entregando o Estado de Minas", avaliou o ex-prefeito, que confessou ter um compromisso com Lula para que o governo federal em uma possível gestão petista não se esqueça de Minas Gerais. 

"Nós estamos fazendo um plano de recuperação do Estado sim, mas indo ao presidente Lula e eu já falei isso com ele. Eu não vou fazer papel de mais um que passou, eu não quero abandonar essas regiões. Eu tenho o meu estilo de governo e quero passar isso para Minas Gerais", admitiu.

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