A Lava Jato, maior operação contra corrupção já realizada no Brasil, está longe de terminar e a tendência é que o ritmo de trabalho aumente. É o que garante o procurador Júlio Noronha, que atua na força-tarefa. Na última semana, a operação chegou a uma cifra importante. Já são R$ 4 bilhões recuperados aos cofres públicos desde o começo, em 2014. Neste ano, um recorde: foi R$ 1,6 bilhão recuperado para Petrobras, União e Estados. 

Ao mesmo tempo, apenas neste ano 27 pessoas foram denunciadas no âmbito da operação por supostamente cometerem atos ilícitos envolvendo órgãos públicos. “Não há como prever (fim da Lava Jato), mas há muito trabalho a ser feito. Vamos chegar a quase seis anos de operação, revelam que os trabalhos estão crescendo. Cito dois exemplos: neste ano, de 2019, apresentamos 27 denúncias oferecidas em relação às pessoas poderosas que estão sendo chamadas a responder por ilícitos descobertos pelo Ministério Público e pela Polícia Federal. Este ano foi o que a Lava Jato mais devolveu recursos aos cofres públicos, o que inclui Petrobras, União e Estados também”, disse. 

Por esses motivos, o procurador Noronha diz acreditar que o brasileiro tem o que comemorar amanhã, Dia Internacional de Combate à Corrupção. Para ele, uma vitória é o fato de a população ter despertado para o combate aos desvios na gestão pública. 
“A consciência e preocupação da população com esse problema da corrupção é algo a ser comemorado. O primeiro passo para a gente resolver o problema é saber que ele existe. Neste caso, tudo que veio à tona, só tem a voltar de forma positiva para a sociedade”, disse Noronha.

Ao mesmo tempo em que buscam provas para comprovar atos lesivos aos cofres públicos, procuradores da Lava Jato também precisam se defender de ataques que configuram tentativas de acabar com a operação.

Para Noronha, os retrocessos são naturais no processo de amadurecimento da sociedade. “É uma preocupação que vamos ter sempre. O caminho para gente enfrentar é esse que a gente já vem trilhando na Lava Jato, que é (trabalhar) dentro da lei, observando todas as leis, o que a Constituição determina, com fortalecimento das instituições, buscar o combate daquilo que a gente entende que esteja errado”, afirmou Noronha. 

Ao mesmo tempo, o procurador considera normal os ataques que partem de pessoas com poder político e econômico. “Nós observávamos uma oligarquia, um grupo de pessoas que, de um forma reiterada, se manteve no poder de forma ilícita e agora vê uma ameaça da manutenção daquilo que sempre foi”, disse. 

Para um maior combate à corrupção, Noronha defende a prisão após condenação em segunda instância. Para ele, o Congresso Nacional tem opção de mudar a regra, mesmo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Para o procurador, o presidente do Supremo, Dias Toffoli, deixou “uma porta aberta” para que a lei volte a valer, após análise do Congresso.