A expulsão do deputado federal Aécio Neves do PSDB é o assunto que mais agita os bastidores da sigla nos últimos tempos, principalmente pelo pedido de expulsão assinado pelo diretório paulista da sigla, liderado pelo prefeito da capital do Estado Bruno Covas.
Porém, apesar das acusações de ter cometido deslizes na vida pública, os presidentes nacional e estadual do partido não cravam que ele terá esse destino.
Durante convenção do partido, realizada nesta sexta (9) num hotel de BH, tanto Bruno Araújo quanto Paulo Abi Ackel preferiram deixar a questão para o conselho de ética do partido, que sequer foi definido ainda.
"A representação (feita pelo diretório de São Paulo pela expulsão) vai ser discutida no momento apropriado quando o conselho for instalado e respeitando todas as garantias de direito de defesa e de forma democrática dentro do conselho de ética do partido. O conselho está sendo instalado nos próximos dez dias e estará funcionando, e a partir daí, como órgão autônomo presidido pelo ex-vice governador do Espírito Santo César Colnago vai tomar as providências", afirmou Bruno Araújo
"Há uma enorme diferença entre aquilo que na política é a realidade e aquilo que é a especulação natural em períodos pré-eleitorais . Eu, sinceramente, descarto a possibilidade de não ser aplicado aquilo que prevê o código de ética que nós votamos e aprovamos na convenção nacional do partido há 60 dias. O código estipula sanções para seus membros apenas após condenações ocorridas no âmbito da justiça, o que no caso do deputado Aécio Neves não aconteceu", explicou Paulo Abi Ackel, presidente estadual da sigla.
Por sua vez, sobre o embate travado com Bruno Covas, prefeito de São Paulo, e quem liderou a elaboração do pedido de expulsão do partido, o próprio Aécio Neves deu sua declaração.
"Cada um escolhe a forma que acha mais adequada de fazer política e todos nós seremos julgados ao final. Eu dediquei os últimos 30 anos da minha vida a construir o PSDB em Minas e no Brasil, e também a obter vitórias extraordinárias que transformaram a vida de muita gente. Sob a minha presidência o PSDB teve a mais extraordinária vitória de toda a sua história vencendo em cidades extremamente importantes do país, como São Paulo por exemplo, e é o que vou continuar fazendo. Essa é minha resposta", disse o deputado.
Apesar do cenário pouco favorável, Aécio também se juntou aos demais correligionários nesta sexta. Mesmo com a instalação do conselho de ética previsto para os próximos dez dias, como afirmou Araújo, ele não informou um prazo para que o caso chegue ao veredicto. No entanto, garantiu que o deputado terá direito a ampla defesa para que o processo seja o mais democrático possível.
Entenda
Em 2017, Aécio foi delatado pelo empresário Joesley Batista, do Grupo J&F. Em conversas da Lava Jato, o tucano foi flagrado pedindo R$ 2 milhões ao empresário. O parlamentar alega se tratar de um empréstimo para pagar advogados. Já a PF afirma se tratar de propina. A remessa do dinheiro, feita em malas, foi filmada pelos investigadores.
Em julho deste ano, na Justiça Federal em São Paulo, virou réu por corrupção passiva e obstrução à Justiça. Além dele, responderão à ação na primeira instância da Justiça a irmã do tucano Andrea Neves, o primo dele Frederico Pacheco de Medeiros e Mendherson de Souza Lima, ex-assessor do ex-senador Zezé Perrella. Desde que foi delatado, Aécio tem evitado os holofotes.