O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sabia do esquema de corrupção na Petrobras desde 2007, logo após ser reeleito presidente da República. A informação é de Antonio Palocci Filho, ex-ministro de Lula e Dilma Rousseff (Fazenda e Casa Civil), em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato. 

Palocci afirma na delação que o ex-presidente Lula o chamou em fevereiro de 2007 para saber detalhes e se era verdadeira a informação de que diretores da Petrobras estavam cometendo atos de corrupção na estatal. 

"Em ambiente reservado no primeiro andar (do Palácio da Alvorada), para, bastante irritado, dizer que havia tido ciência de que os diretores da Petrobras Renato Duque e Paulo Roberto Costa estavam envolvidos em diversos crimes no âmbito das suas diretorias", diz o documento. Lula, então, perguntou para Palocci se aquilo era verdade. Palocci respondeu "sim". 

'Lula esbravejava' 

O ex-ministro Antonio Palocci Filho afirmou ainda em seu depoimento que Lula  "esbravejava" quando falavam para ele sobre ações de corrupção dentro da Petrobras. Mas as irritações de Lula eram contra suas próprias decisões, diz Palocci.  

O ex-ministro diz que Lula o questinou sobre a responsabilidade das indicações. Palocci, então, disse que as nomeações eram do então presidente Lula. Na sequência, Palocci afirma ter dito a Lula que os diretores estavam agindo "de acordo com os parâmetros que já tinham sido definidos pelo próprio PT e PP". 

Palocci disse acreditar que "Lula agiu daquela forma (demonstrando não saber das ilicitudes) porque as práticas ilícitas dos diretores da estatal tinham chegado aos seus ouvidos e ele queria saber qual era a dimensão dos crimes, bem como sua extensão, e também se o Palocci aceitaria sua versão de que não sabia das práticas ilícitas que eram cometidas (...) essa prática empregada por Lula era muito comum", afirmou Palocci, uma espécie de "defesa antecipada", cita Palocci, que fora também deputado federal e prefeito de Ribeirão Preto, no interior de SP. 

Palocci está preso desde setembro de 2016, alvo da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato. O juiz Moro o condenou em uma primeira ação a 12 anos e dois meses de reclusão. O termo número 1 de colaboração do ex-ministro foi anexado à mesma ação penal em que ele confessou crimes pela primeira vez.