O ex-presidente Lula (PT) afirmou nesta terça-feira (12) que pensa em criar um ministério para tratar de questões indígenas. Ele falou durante visita ao Acampamento Terra Livre (ATL), evento anual que acontece em Brasília e marca o mês indígena.
"Ora, se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou o dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que a gente não pode criar o ministério para discutir as questões indígenas?", questionou. Depois, ele disse que a pasta será dirigida por um índio e uma índia e não por um branco como ele "ou uma galega como a Gleisi [Hoffmann]".
Lula discursou por cerca de 30 minutos. Mais ouviu do que falou. Em preparação para as eleições de outubro, sinalizou que concorda com o 'revogaço' dos decretos em matéria ambiental editados por Jair Bolsonaro (PL).
"Quando vocês começam a adquirir consciência política e começam a reivindicar os direitos de vocês, eles dizem que vocês são invasores. (...) Vocês têm direito de reivindicar! Nenhum fazendeiro tem direito de invadir território indígena", declarou o petista em momento que foi ovacionado pela plateia.
Também fez um mea-culpa de seu governo. "Certamente os governos do PT não fizeram tudo o que deveriam ser feito, mas certamente ninguém fez mais do que nós fizemos nas nossas relações com os povos indígenas", disse. E complementou: "o mais grave é que praticamente tudo o que nós fizemos foi desmontado".
O petista falou para as delegações indígenas que estão na capital desde o início de abril e reivindicam principalmente a demarcação de terras. Com o lema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”, a 18ª edição do evento é simbólica por acontecer no formato presencial depois de dois anos do início da pandemia do coronavírus.
O encontro com indígenas aconteceu um dia depois que Lula se reuniu com senadores da oposição. A reunião por Brasília é vista como a preparação de terreno para as eleições desse ano. O nome do ex-presidente é ventilado como pré-candidato ao Planalto, cujo lançamento da chapa está previsto para maio, com Geraldo Alckmin (PSB) como vice.
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