Relação complicada

Base fiel de Bolsonaro reclama que general Ramos dá mais atenção ao centrão

Deputados bolsonaristas dizem que Luiz Eduardo Ramos despreza os parlamentares do grupo ideológico

Por Fransciny Alves
Publicado em 22 de julho de 2020 | 14:29
 
 
 
normal

De mal a pior. É assim que tem sido a relação do ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, com deputados federais conhecidos por estarem na “linha da frente” do governo Jair Bolsonaro (sem partido). Os parlamentares têm se queixado do tratamento de “desprezo” que é dado a eles pelo militar e seus auxiliares. 
 
Segundo deputados ouvidos pela coluna, o general dificulta o acesso dos congressistas ao presidente, tenta impedir a presença deles em algumas solenidades que contam com a presença de Bolsonaro, não dialoga e ainda tem dado mais “atenção” e “afago” ao maior grupo do Legislativo, o chamado Centrão. 
 
Enquanto o general tem sido elogiado publicamente pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por dialogar com a Casa, no Palácio do Planalto já há um consenso de que Ramos cultiva bastante antipatia da base ideológica. O ministro já foi atacado publicamente por alguns bolsonaristas, como Daniel Silveira (PSL-RJ) e Otoni de Paula (PSC-RJ). 
 
Após isso, os dois foram retirados dos cargos de vice-líderes do  Planalto no Congresso. “O tratamento das pessoas que cercam o presidente é péssimo em relação aos deputados da base. A gente não quer nada: emenda extra, cargo, privilégios, etc. A gente só precisa ser reconhecido pela nossa fidelidade, por essas pessoas que o cercam”, resumiu um político.
 
Os “bolsonaristas” são conhecidos por sempre permanecerem ao lado do presidente, independentemente da situação: em meio a escândalos de corrupção no caso do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ); participando de  manifestações antidemocráticas; pregando o uso de medicamentos para a Covid-19 mesmo sem comprovação científica; e votando com o governo em todas as pautas na Câmara.
 
Entre essas pautas, estão incluídas algumas polêmicas, como a de manutenção do Fundeb, que foi aprovada na última terça-feira (21) na Câmara Federal. Um grupo mais próximo do presidente votou conforme vontade do Executivo, mas já nesta quarta-feira (22) o próprio Planalto comemorou a aprovação do texto, mesmo que tenha tentado desidratá-lo.
 
Outro parlamentar ouvido pela coluna diz ainda que preferem não queixar com Bolsonaro sobre o fato porque acreditam que há problemas maiores para tratar com ele e que o presidente sempre trata o grupo com muito “cuidado” e “atenção”. Gesto totalmente contrário de Ramos, membros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e na própria Presidência.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!