Está sendo estudada pelos dirigentes do PSL a expulsão de pelo menos um dos seis deputados federais da legenda que votaram, na última terça-feira (21), de forma contrária à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que previa a renovação do Fundeb. Entre eles está o mineiro Cabo Junio Amaral. Engana-se, no entanto, quem acha que o parlamentar está preocupado: “Sair dessa desgraça (de legenda) seria a melhor coisa nesse momento”.
“Se me expulsaram por conta do Fundeb vou ficar muito satisfeito. Realmente torço por isso. Meu colega de dobradinha à época de eleição, (deputado estadual) Bruno Engler, já conseguiu essa expulsão, que é uma vitória. E só não me expulsaram ainda porque sou deputado federal e sirvo para o partido arrecadar ainda mais dinheiro. Então, se eles chegarem a essa conclusão, o que eu não acredito, pra mim vai ser muito bom. Vou ficar muito satisfeito”, disse Amaral. Ele, inclusive, já foi alvo do Conselho de Ética do partido.
Parlamentares bolsonaristas têm buscado formas de deixar o PSL sem perder o mandato para se filiarem a outra legenda de simpatia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tenta viabilizar a criação do Aliança pelo Brasil. Mas para um deputado federal sair da legenda por conta própria sem nenhuma “punição” é difícil. Além disso, as siglas não têm interesse de perder cadeiras na Câmara, já que isso é levado em conta na distribuição do fundo partidário.
Contudo, nos bastidores várias agremiações usam da possibilidade de expulsão de algum parlamentar para fazer um processo de “fritura” e, em tentativa de intimidação, preferem “perder” um dos quadros desde que ele sirva como "exemplo" e também para acalmar outros filiados do partido. Por isso, é esperado que das representações de expulsão que vão ser movidas no PSL, somente uma delas resulte de fato no desligamento de um dos políticos.
“Eu soube pela imprensa a possibilidade de ser expulso do PSL. Tenho inúmeras insatisfações com o partido. Desde o início a gente vem tendo muita dificuldade porque é um partido muito arbitrário. Mas, se fosse apenas isso, não seria tanto problema como o fato de que eles mudaram os direcionamentos, posicionamentos e valores que apresentaram quando o presidente foi convidado para participar da sigla. Então, na época da eleição era uma coisa completamente diferente. Hoje, o partido mudou”, defende Amaral.
Na última terça-feira (21), apenas sete deputados federais votaram de forma contrária a renovação do Fundeb, que é o fundo que financia a educação básica no país. Seis parlamentares pertencem ao PSL e são conhecidos por serem apoiadores ferrenhos do presidente. Além do mineiro, discordaram do projeto: Bia Kicis (DF), Chris Tonietto (RJ), Filipe Barros (PR), Luiz Philippe de Orléans e Bragança (SP), e Márcio Labre (RJ).
Mesmo votando conforme a vontade do Executivo, o grupo bolsonorista foi pego de surpresa na última quarta-feira. Isso porque o próprio Palácio do Planalto comemorou a aprovação do texto, mesmo tentando desidratá-lo. E, em mais uma aproximação de Bolsonaro do Centrão, maior grupo do Legislativo, Bia Kicis foi retirada da vice-liderança do governo no Congresso.