BRASÍLIA – O deputado estadual do Rio de Janeiro Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias (MDB), foi preso pela Polícia Federal (PF), na manhã desta quarta-feira (3/9), sob acusação de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de negociar armas e acessórios para o Comando Vermelho (CV).
Thiego foi um dos alvos de duas operações simultâneas, desencadeadas pela PF, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Ministério Público Federal e pela Polícia Civil do Rio. Agentes foram às ruas para cumprir 18 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão, expedidos pelas justiças federal e estadual.
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região também determinou o sequestro de bens e valores dos investigados, totalizando R$ 40 milhões, além do afastamento de agentes públicos, suspensão de atividades de empresas usadas na lavagem de dinheiro e transferência emergencial de lideranças da facção para presídios federais de segurança máxima.
As investigações identificaram um esquema de corrupção envolvendo a liderança da facção no Complexo do Alemão e agentes políticos e públicos, incluindo um delegado da PF, policiais militares, um ex-secretário municipal e estadual e o deputado estadual empossado em 2024. O MPRJ diz que TH usou o mandato para favorecer o CV, inclusive nomeando integrantes da facção para cargos na Assembleia Legislativa do RJ (Alerj).
“A organização infiltrava-se na administração pública para garantir impunidade e acesso a informações sigilosas, além de importar armas do Paraguai e equipamentos antidrone da China, revendidos até para facções rivais”, diz a PF em nota.
Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, tráfico internacional de armas e drogas, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.
Chefe do Comando Vermelho
A Procuradoria-Geral de Justiça do MPRJ denunciou Thiego e outras quatro pessoas pelos crimes de associação para o tráfico de drogas e comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito. Todas foram alvos de mandados de prisão, cumpridos nesta quarta-feira, em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia e Copacabana.
De acordo com a denúncia, “os acusados mantinham vínculos estáveis com a facção criminosa Comando Vermelho, atuando nos Complexos da Maré e do Alemão e na comunidade de Parada de Lucas”.
O MPRJ acusa o grupo de intermediar a compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones usados para dificultar operações policiais nos territórios ocupados pela organização, além de movimentar grandes somas em espécie para financiar as atividades da facção.
Um dos denunciados, Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, é apontado como uma das lideranças do CV, responsável pelo controle financeiro do grupo e pela autorização de pagamentos vultosos, incluindo a autorização para a compra dos antidrones.
Já TH, que tem 36 anos e foi preso nesta quarta-feira em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, entrou na mira da polícia após alertas de instituições financeiras sobre movimentações milionárias suspeitas envolvendo empresas ligadas a ele, o que levantou a suspeita de lavagem de dinheiro.
O deputado teria ainda, de acordo com a investigação, indicado a esposa de Índio do Lixão para o cargo parlamentar onde ela é lotada.
Celebridades como clientes
Antes de entrar na política, Thiego virou TH Joias, autor de peças de ouro e diamantes. Ganhou fama por ter como clientes jogadores de futebol Neymar, Vini Jr., Adriano Imperador, além dos cantores Poze do Rodo, L7 e Ludmilla.
Na eleição de 2022, Thiego obteve 15.105 votos. Ficou como suplente e conquistou a vaga na Alerj, em maio de 2024, com a morte de Otoni de Paula Pai. O primeiro na sucessão era Rafael Picciani, que preferiu continuar como secretário de Esporte e Lazer na gestão de Cláudio Castro (PL) e abriu a vaga para Thiego.
A defesa e a assessoria de Thiego não haviam se pronunciado até a mais recente atualização desta reportagem. Diante da notícia da prisão dele, o Diretório Regional do MDB informou que decidiu expulsar o parlamentar do partido sumariamente.