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Número de filiados a partidos cresce, e direita é preferência

PSL, PRB e Novo são os que mais atraem adeptos ; PT e PSDB ficam estagnados

Por Heitor Mazzoco
Publicado em 29 de julho de 2019 | 08:02
 
 
 
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Em um ano, partidos novos e de orientação à direita conseguiram atrair mais filiados que as legendas antigas e tradicionais da política brasileira. Dos atuais 33 partidos registrados no país, apenas 13 conseguiram aumentar seus quadros. Desses, somente três tiveram mais de 10 mil novos apoiadores. 

O PSL, do presidente Jair Bolsonaro, é a única legenda que atraiu quase 30 mil filiados nos últimos 12 meses, o que representa 47,6% do número de novos filiados em todo Brasil. 

Na segunda posição está o PRB, com mais de 18,5 mil. O Novo, do governador de Minas, Romeu Zema, conquistou quase 15 mil novos filiados no território nacional, segundo levantamento feito pela reportagem com base nos dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Partidos que comandaram a Presidência – ou que tiveram grande participação em diversos governos ao longo da história republicana – também cresceram, mas em um patamar inferior aos três primeiros. Somando-se o número de novos filiados do PT e do PSDB, por exemplo, não se chega ao patamar alcançado pelo Novo. Os petistas tiveram 8.500 mil novos apoiadores, enquanto os tucanos ganharam 4.800 mil adeptos – 13.300 no total.

Ao mesmo tempo, há siglas que perderam espaço. O MDB, que esteve em todos os governos depois da redemocratização, em 1985, perdeu mais de 4.000 filiados em um ano. PSB e PTB também tiveram perdas em seus quadros. 

O MDB, no entanto, continua sendo o maior partido do Brasil. São mais de 2,3 milhões de filiados à sigla do ex-presidente Michel Temer. Na segunda posição está o PT, que tem quase 1,6 milhão de apoiadores registrados. O PSDB é o terceiro, com 1,4 milhão.

“Direita liberal”

Presidente nacional do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE) disse que a clareza nas posições do partido faz com que o número de filiados aumente. Ele concorda, também, que o fato de o presidente Bolsonaro ter se filiado à legenda pouco antes da eleição de 2018 ajudou a aumentar o quadro. 

“O efeito Bolsonaro foi significativo. Agora, o PSL é liberal, economia liberal. A esquerda, comprovadamente, não chega a lugar algum. O povo cansou do populismo da esquerda, e o PSL é direita liberal”, disse Bivar. 

Mestre em história pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), o professor Eduardo Lima classifica o cenário atual como uma onda de direita que diversos países, incluindo o Brasil, passam nos últimos anos, mas que as mudanças não representam um novo modo de se fazer política. “Há uma nova diretriz, um novo jeito. Mas, na verdade, não é um jeito novo. É uma adaptação. Os partidos que estão crescendo têm um direcionamento. O PSL, por exemplo, é fruto de pessoas que gostariam de participar do momento político e que não tinham voz antigamente. Esse pessoal mais à direita, como trabalhava antigamente? Com financiamento de campanha empresarial. Hoje, vemos que estão partindo para o trabalho direto”, disse.

Dados de Minas

O Novo, em Minas Gerais, passou de 1.917 filiados para 4.228 em apenas um ano. MDB e PT perderam, cada um, cerca de mil filiados no mesmo período, de acordo com dados do TSE.

Opções de legenda aumentarão

O número de partidos no Brasil deve aumentar ainda neste ano, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). São 75 possíveis legendas, mas, dessas, poucas estão próximas de cumprir as etapas para, de fato, se tornarem um partido. O União Popular (UP), por exemplo, tem mais de 497 mil assinaturas para conseguir alcançar o registro junto ao TSE. São necessárias 500 mil assinaturas distribuídas em um terço dos Estados brasileiros, ou seja, nove Estados. 

Dados do TSE mostram que o partido conseguiu assinaturas em 13 Estados. A próxima etapa é solicitar o registro junto ao Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Outros partidos têm recebido apoio por todo Brasil. 

Anteriormente à lei dos partidos, de 1995, para abrir uma nova legenda bastava ter cem filiados em pelo menos nove Estados.

Desde então, para lançar partidos, muitas siglas acabam se fundindo para evitar todo processo de criação exigido por lei. (HM)

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