Por segurança

Para driblar protestos, Romeu Zema fica no Palácio das Mangabeiras

Medida teria sido tomada diante da possibilidade de manifestações em frente à casa do governador

Por Fransciny Alves e Lucas Ragazzi
Publicado em 25 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Diante da possibilidade de representantes de forças militares de Minas Gerais montarem um acampamento em frente à casa do governador Romeu Zema (Novo) no bairro Bandeirantes, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, ele teria resolvido, por motivos de segurança, se abrigar nos dois últimos dias no Palácio das Mangabeiras, na região Centro-Sul. O local é a residência oficial dos chefes do Executivo estadual há 64 anos. Mas, durante a campanha eleitoral, o empresário criticou fortemente essa estrutura e abriu mão de ficar no espaço com o discurso de dar fim a mordomias dos representantes políticos. 

A informação foi confirmada à reportagem por um secretário próximo ao governador e por deputados que fazem parte da base dele na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A assessoria de imprensa do Estado, no entanto, declarou que o Gabinete Militar não confirma essa informação. Questionada então se Zema teria ficado desde sexta-feira na região da Pampulha, a pasta declarou que não responde sobre questões pessoais do governador.

Essa mudança de residência às pressas teria ocorrido após representantes das forças de segurança prometerem, na última sexta-feira, que iriam acampar em frente à casa dele no bairro Bandeirantes e só sairiam de lá quando o 13° salário, que foi dividido em 11 vezes, fosse pago, e houvesse acordo em outras demandas. O informado pela categoria era que seria montada uma escala, com uma equipe a cada oito horas, que sempre tocaria músicas das polícias. Contudo, isso não ocorreu. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Sindpol-MG), delegado Marcelo Armstrong, essas ações vão ser definidas hoje.

“Nós vamos nos reunir com todas as entidades representativa<CW-16>s para definirmos as ações. Vamos ver se vamos acampar em frente à casa de Zema. Inclusive, já nos disseram que, nos últimos dois dias, ele ficou no Palácio das Mangabeiras, e vamos organizar isso. E vamos também fazer uma estratégia para mobilizar a categoria para paralisar a atividade policial pelo menos em um dia do Carnaval”, afirmou. Na ocasião, policiais civis, militares, bombeiros, agentes socioeducativos e penitenciários rejeitaram a proposta do Estado para o pagamento, em maio, de 80% da bonificação natalina devida desde a gestão de Fernando Pimentel (PT). O restante seria pago em junho.

Promessa

Durante sabatina realizada pelo jornal O TEMPO e pela rádio Super 91,7 FM no dia 29 de agosto, antes do primeiro turno das eleições, Zema havia dito que o primeiro ato que queria assinar como governador transformaria o Palácio das Mangabeiras no Museu das Mordomias para que todo mineiro pudesse ver “como vive o imperador de Minas Gerais” em um Estado falido. O destino da residência, no entanto, ainda está em análise pelo Executivo. 

Caos

Segundo o governo de Minas Gerais, sem Romeu Zema morando no Palácio das Mangabeiras, a economia aos cofres públicos vai ser de R$ 1,86 milhão por ano. Oficiais da Polícia Militar, no entanto, dizem que, mesmo com essa economia, estão insatisfeitos porque a mudança gerou um caos na logística e no esquema de segurança. 

 No último dia 12, o governador Romeu Zema mudou-se para uma casa alugada no bairro na região da Pampulha, em Belo Horizonte. A casa de dois andares fica em um terreno de cerca de 1.000 m² com cerca de 400 m² de área construída.

O imóvel, entre outros cômodos, possui quatro quartos e uma piscina. Segundo uma fonte, o aluguel do imóvel gira em torno de R$ 7.000. A casa ficou quase um ano vazia, e a reforma feita pelo governador durou pouco mais de um mês. Zema afirmou que tudo vai ser pago com recursos próprios.

Vídeo

Na legenda de um vídeo publicado nas redes sociais no final da noite de anteontem, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou que o protesto da última sexta-feira foi feito por um “setor isolado” da área de segurança pública. Zema gravou o vídeo ao lado de comandantes das forças militares.

Ainda no vídeo, é dito que a administração estadual sempre está aberta ao diálogo transparente, mas que “não vai aceitar imposições de determinados segmentos que visam tumultuar as conversas e as negociações e acabam por prejudicar os mineiros de maneira geral”. Ele se referiu à interrupção por cerca de duas horas da rodovia MG-010.

“Sabemos que o grupo que provocou estes transtornos à população não representa a categoria como um todo. Para que sirva de exemplo, os causadores desse transtorno serão devidamente responsabilizados”, afirma o governador na legenda. O vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado (Sindpol-MG), Marcelo Armstrong, no entanto, afirma que a entidade não foi notificada pela Justiça para pagar multa de R$ 50 mil por hora, como informado pelo governo.

A reportagem questionou a assessoria do Estado se a proposta do governo para a segurança pública está mantida mesmo que os manifestantes tenham bloqueado a Linha Verde. Isso porque Zema teria afirmado em reunião com representantes da classe que o acordo havia sido quebrado com a obstrução da via. A assessoria disse que o governo vai se pronunciar sobre o tema hoje.  

 

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