Candidatos que disputaram cargos de nível estadual ou federal em eleições passadas ensaiam voos mais modestos em 2020 e vão disputar uma vaga para a Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH).

Os motivos são diversos: há quem estreou nas urnas em 2018 e se motivou com o resultado; aqueles que como candidatos tradicionais de seu partido abriram espaço para outras lideranças e também quem defenda que é preciso reconstruir o debate político brasileiro a partir das cidades.

A ex-deputada federal Jô Moraes é pré-candidata à vereadora de Belo Horizonte pelo PCdoB — a convenção do partido está marcada para o dia 16 —, cargo que já ocupou entre 1996 e 2002. Nas últimas eleições, ela foi candidata a vice-governadora de Minas Gerais na chapa de Fernando Pimentel. 

“O que mudou foi o início de um ciclo político absolutamente estranho, duro, difícil, de ameaças democráticas que impõe a gente a retomar o diálogo com a população. Retomar o diálogo com a população é conversar no processo eleitoral dos municípios. É nas cidades que a gente pode reconstruir a política”, disse Jô Moraes.

Outra candidata à CMBH que está acostumada a disputar eleições é Vanessa Portugal (PSTU). Ela foi a candidata do partido para a Prefeitura de Belo Horizonte nas últimas quatro eleições municipais, desde 2004.

Neste ano, houve um pedido de movimentos sociais para que ela fosse candidata à vereadora e, por outro lado, concluiu-se que era importante que outros integrantes do PSTU fossem apresentados à sociedade no momento eleitoral.

“Existia há muito tempo uma reivindicação de vários ativistas da educação e do movimento popular que o partido lançasse meu nome como candidata à vereadora. Como eu já fui candidata várias vezes, essa reivindicação era natural”, explica Portugal.

Já Maria da Consolação (PSOL), que foi candidata à prefeitura nas duas últimas eleições municipais, explica que a estratégia do partido era usar a candidatura majoritária para impulsionar a chapa de vereadores. O objetivo está mantido, mesmo com a mudança dela para a chapa proporcional —  o PSOL vai lançar a deputada federal Áurea Carolina como candidata à prefeita.

“Neste momento estamos saindo como pré-candidata a vereadora do PSOL porque também temos a possibilidade do PSOL ampliar sua presença na Câmara Municipal”, disse.

Entre os postulantes à Câmara Municipal de Belo Horizonte há também quem estreou nas urnas mirando o governo do Estado e o Senado em 2018 e se empolgou com o resultado, mesmo sem ter conseguido ser eleito. Duda Salabert (PDT), por exemplo, obteve 350 mil votos em sua tentativa de chegar ao Senado - 112 mil deles na capital mineira.

“(Esse) fato me coloca como a 4° mulher mais votada da história das eleições de Minas Gerais”, afirma.

Claudiney Dulim (Avante), que foi candidato a governador nas últimas eleições, considera que esta será a primeira eleição que disputará. Em 2018, a legenda articulou apoio a candidatura do hoje senador Rodrigo Pacheco (DEM), que não se concretizou. Dessa forma, restou ao Avante lançar candidato próprio de última hora, posto que foi ocupado por Dulim.

“Mas eu não tive campanha de rua, campanha em rede social, o que prejudicou. Nessa pré-candidatura estamos dialogando há um ano e meio com as pessoas, ouvindo as lideranças de todos os setores [...] Agora a gente é pré-candidato em outro formato, para ser muito competitivo”, disse.