Pré-candidato a prefeito em Belo Horizonte pelo PSTU, o professor e líder sindical Wanderson Rocha defende uma forma de governo e de organização da sociedade que não seja baseada no capitalismo.

Em sua visão, esse modelo é responsável pelo aumento da desigualdade social no país, realidade que, segundo ele, ficou ainda mais exposta com a pandemia do coronavírus. 

“Temos percebido, desde o início dessa pandemia, que os ricos estão ganhando. Nós temos no Brasil 42 bilionários que tiveram um aumento de suas fortunas em cerca de R$ 34 bilhões”, disse.

Enquanto isso, Rocha afirma que trabalhadores têm pagado a conta da crise, seja com redução de salários, no caso da iniciativa privada, seja com congelamento de vencimentos, no caso dos servidores públicos.

Ele divide seu plano para a capital mineira em três bandeiras principais: a defesa do socialismo, uma administração com foco na classe trabalhadora e a descentralização do poder.

“A gente se coloca nessa eleição para questionar o sistema capitalista e se colocar com alternativa nesse momento de luta para os trabalhadores”, diz Rocha.

Em relação à descentralização da administração, uma de suas propostas é a criação de conselhos populares nos bairros da cidade.

“Seria um espaço de independência, inclusive da Câmara Municipal, onde a gente buscaria reunir as diversas organizações, lideranças comunitárias, culturais e sindicais e do movimento estudantil, e que teria uma função política de definir as principais ações a serem executadas pela prefeitura”, disse

Exemplo da década de 80

Ele cita como exemplo administração do PSTU na década de 80 em Timóteo, no Vale do Aço. “Atuamos na prefeitura da cidade e, em torno de seis meses, conseguimos organizar toda a cidade para montar conselhos populares. Foi uma ação exitosa que queremos trazer para BH, para fortalecer participação popular”. Atualmente, o partido não tem nenhum prefeito eleito em Minas Gerais.

Ainda segundo Rocha, o programa do PSTU para a capital mineira deve ser pautado por políticas para moradia, transporte, emprego e renda, saúde, universalização da educação infantil e enfrentamento da terceirização dos serviços dentro da prefeitura, além de um plano de obras públicas. 

"Kalil cedeu às empresas de ônibus" 

Além das propostas voltadas para o socialismo, a campanha de Rocha também deve ser marcada pela crítica à gestão do prefeito Alexandre Kalil (PSD).

“Ele não sofreu qualquer oposição na Câmara, a não ser uma oposição pontual, e faz uma gestão extremamente centralizadora. Age como se fosse o dono da cidade”, diz o pré-candidato do PSTU.

Além disso, o dirigente sindical criticou a postura do prefeito em relação aos trabalhadores, a atuação da Guarda Municipal contra os camelôs que atuavam ilegalmente em BH e na última greve dos professores na capital. 

Segundo Rocha, Kalil cedeu a interesses e descumpriu promessas de campanha, como no caso das empresas de transporte público.

“Ele fez um discurso de enfrentamento às empresas de ônibus, mas cedeu às pressões para não tivesse uma auditoria independente e com participação popular”, afirmou Rocha. Em sua análise, o prefeito Kalil fez como tantos outros políticos brasileiros ao chegar ao poder. 

Vanessa Portugal tenta vaga na Câmara Municipal

Tradicionalmente, o nome do PSTU a disputar a prefeitura de BH é o da professora e servidora pública Vanessa Portugal. Nas últimas quatro eleições, ela foi candidata a prefeita na capital mineira. Também já disputou o governo do Estado e cargos de senadora e deputada estadual.

No entanto, neste ano, pela primeira vez ela é pré-candidata a vereadora. “Já existia há um certo tempo uma pressão para que lançasse candidatura a vereadora e, nesse momento, foi decisão do partido de fazer essa experiência”, disse. 

Questionada se há um cálculo do partido ao lançar sua candidatura à uma vaga na Câmara, ela afirma que sim. No entanto, ela acredita que será uma eleição ainda mais difícil em função da pandemia, que limita possibilidades de campanha nas ruas. Se eleita, Vanessa Portugal será a primeira vereadora do PSTU em BH. 

Sobre a candidatura do colega à prefeitura, ela acredita que Wanderson Rocha é um bom nome para a disputa.

“Ele é um companheiro que tem atuação tanto na educação quanto na luta contra o racismo, é um companheiro mais jovem e tem vasta experiência na luta social. A candidatura dele é muito importante e tem possibilidade de representar as ideias do partido. É um movimento muito positivo do partido”, afirma Portugal.