A construção da ciclovia na avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte, abriu um novo capítulo do embate entre o prefeito da capital, Fuad Noman (PSD), e o presidente da Câmara Municipal, Gabriel Azevedo (sem partido).
Nesta quarta-feira (21), o chefe do Executivo municipal defendeu a construção das faixas exclusivas para os ciclistas e rebateu as críticas que vem recebendo, principalmente, dos opositores na Câmara Municipal, sobre o valor da obra e o caráter eleitoreiro das recentes intervenções na cidade.
“Eu tenho dois anos e dois meses de governo. Eu tenho que trabalhar até o último dia do governo. Qualquer obra que eu fizer agora é eleitoreira? Todas as obras estão previstas no Plano Diretor da cidade, aprovado lá (na Câmara). E estamos fazendo. ‘O Centro de Todo Mundo’ foi um programa que nós lançamos no ano passado. As coisas vão acontecer no dia a dia. O governo não pode parar o último ano porque tem eleição. O governo tem que trabalhar”, afirmou Fuad.
No mês passado, Gabriel Azevedo enviou ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) um pedido para barrar a construção da ciclovia sob o argumento de que o relevo e o tráfego de veículos intenso na região inviabilizam o empreendimento.
“O problema é seguinte: se a Câmara quisesse ser contra, não aprovasse o Plano Diretor, mas ela aprovou. A ciclovia é um projeto de lei aprovado dentro do Plano Diretor, que prevê fazer até 400 quilômetros de ciclovia”, argumentou Fuad.
Segundo o prefeito, quando alguém “quer falar mal”, “pega um pedacinho e aproveita” em referência às críticas feitas pelo presidente da Câmara sobre a construção da ciclovia. De acordo com ele, alguns discursos não passam de “conversa fiada”.
“O presidente da Câmara sabe que o valor de R$ 25 milhões é o valor de toda a recuperação da avenida Afonso Pena. E a ciclovia é uma parte dela, um pedaço pequeno até. Nós vamos revigorar todas as três praças (da região), vamos revigorar toda a Afonso Pena, colocando faixas, marcação horizontal, marcação vertical. Tem um conjunto de recuperações”, ponderou o prefeito.
Segundo ele, “é um engano” pensar que as ciclovias vão congestionar o trânsito na cidade. Durante seu pronunciamento, Fuad disse ainda que “está amparado na lei” e chamou de “fake news” às críticas dos adversários. “Pode reclamar à vontade, estamos aparando na lei. A gente quando toma uma decisão, não é porque ela saiu da cabeça do prefeito, tudo é estudo e projeto”, declarou.
Abaixo assinado. Nesta quarta-feira, o prefeito recebeu na prefeitura um abaixo assinado feito por movimentos ciclistas defendendo a construção das faixas exclusivas. O documento, criado no dia 19 de janeiro, conta com mais de 2.000 assinaturas.
As obras na avenida fazem parte do programa de requalificação do centro de Belo Horizonte. A previsão é que sejam gastos R$ 24,8 milhões de recursos próprios da prefeitura em todo o projeto, e as obras sejam entregues no segundo semestre de 2024.
Os trabalhos foram iniciados no dia 12 de janeiro e a ideia é que a ciclovia tenha 4,94 quilômetros e se estenda desde a praça Rio Branco (praça da rodoviária) até a praça da Bandeira. A expectativa é que as obras da ciclovia custem em torno de R$ 5 milhões.
Outro lado
O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, o vereador Gabriel Azevedo (sem partido), reafirmou as críticas ao projeto de implantação da ciclovia na avenida Afonso Pena.
Sobre a afirmação do prefeito Fuad Nonam (PSD) de que as intervenções na avenida, bem como em todo o centro da capital, constam no Plano Diretor da cidade, Gabriel afirmou que votou à época contra o projeto e argumentou que o Legislativo que aprovou o plano, em 2018, é diferente do atual.
Em nota, o presidente da Câmara de Belo Horizonte ainda ironizou o projeto da ciclovia e disse que quer ver o prefeito pedalando na Afonso Pena. “Aguardo o Fuad pedalando lá. Subindo (a avenida)”, afirmou Gabriel Azevedo.
As declarações de Fuad Noman nesta quarta fazem parte da estratégia de ofensiva do Executivo nos últimos meses para rebater as críticas dos opositores. Na avaliação da administração municipal, a ciclovia foi politizada por causa das eleições de outubro.