Levantamento realizado por O TEMPO mostra que 46 dos 53 deputados federais eleitos por Minas Gerais em 2014, último ano em que empresas privadas puderam realizar doações políticas, foram financiados pelas mineradoras, que despejaram R$ 10,8 mihões nas campanhas vitoriosas.
O candidato mais abastecido foi Leonardo Quintão (MDB), que recebeu R$ 1,98 milhão de empresas do setor. Em 2013, o parlamentar foi o relator do Código de Mineração na Câmara, que tinha o objetivo de definir regras para a atuação no setor. À época, ele afirmou que era financiado e que defendia o setor da mineração. “Sou parlamentar, sou financiado, sim, legalmente pela mineração”, disse.
O mineiro ainda completou que não se sentia envergonhado pela relação que mantinha comas empresas e que defendia o setor “respeitando as leis brasileiras”.
Dos R$ 1,9 milhão recebidos por Quintão, que não conseguiu a reeleição em 2018 e tem trabalhado informalmente na Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro, R$ 183,3 mil – ou quase 10% do total das doações – corresponde a um depósito da ArcellorMittal, que tem um braço na mineração.
O deputado estadual reeleito Sávio Souza Cruz (MDB) ocupa a terceira posição no ranking entre os que mais foram financiados pelo setor da mineração na ALMG. Em 2014, ele recebeu pouco mais de R$ 270 mil receitas originárias de empresas do setor, sendo um terço de doações diretas.
Um ano depois, no início do mandato do ex-governador Fernando Pimentel, Souza Cruz assumiu a pasta de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. A secretaria que chefiou até maio de 2016 é responsável por licenciamentos na área da mineração. A reportagem tentou contato com o parlamentar, mas as ligações não foram atendidas.
Somente via uma doação indireta, ou seja, que chegou primeiramente à direção estadual do MDB e, posteriormente, aos caixas de sua campanha, a ArcellorMittal Brasil S.A. depositou o valor de R$ 183, 3 mil quase 10% de toda a verba do emedebista, que conseguiu se reeleger em 2018.
Em 2014, Thiago Cota (PPS) recebeu R$ 113,2 mil de mineradoras, equivalente a 10% de sua receita total na campanha. Da empresa Mineração Corumbaense Reunida S.A, braço da Vale em Corumbá (MS), ele recebeu R$ 50.000,00.
No ano passado, ele, que é filho do ex-prefeito de Mariana Celso Cota, foi um dos três deputados que votaram na Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa para derrubar o projeto que propunha um maior rigor na fiscalização de barragens em Minas Gerais. Também no fim de 2018, como representante da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, ele votou a favor da atividade mineradora no entorno do parque da Rola Moça, terceiro maior em área urbana do país e uma das mais importantes áreas verdes do Estado localizada na região metropolitana de Belo Horizonte. Procurado, ele não foi encontrado para se manifestar.