As ameaças recebidas por vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte, no legítimo exercício das funções determinadas pelos eleitores da capital, são um crime contra a democracia que precisa ser enfrentado de forma rápida pelos órgãos de investigação. É inconcebível que a essa altura do amadurecimento de nossas instituições os representantes da população tenham que enfrentar atitudes criminosas para se posicionar sobre os temas que interessam à população de Belo Horizonte.
As investigações vão poder dizer quem fez as ameaças, cruéis, ainda mais considerando ter sido exposta e ameaçada uma criança de seis anos, filha da presidente da Câmara, Nely Aquino. Uma situação dessa, se não for atacada de forma enérgica e rápida, representa a falência do sistema de representação no Brasil.
A Câmara sangra sem parar nos últimos anos, com escândalos em sequência e com pouca ação sobre eles. Muita gente acabou se livrando de perder o mandato ao longo dos últimos anos mesmo envolta em polêmicas. Por isso, chega a surpreender que Cláudio Duarte tenha sido apenas o primeiro vereador cassado na capital em toda a história. Ontem, pela primeira vez os parlamentares chamaram a responsabilidade para si, ao cassar o mandato de um vereador que foi preso pela acusação de receber parte do salário de seus funcionários. Houve a confissão e corroboração de um funcionário que participou do esquema, exibida ao vivo pela rádio Super Notícia, após ser informada aos órgãos de investigação.
As ameaças feitas mostram que, a despeito de muito do que já foi revelado sobre alguns membros da Câmara, mais coisa há por se revelar. E parece claro que novas prisões talvez sejam necessárias para que novos crimes não venham a ser praticados.
Ouça a análise do editor de Política de O Tempo, Ricardo Corrêa: