Com 113 réus e em andamento desde 2015, a operação Zelotes sofre risco de asfixia. De acordo com o Ministério Público Federal do Distrito Federal, a falta de procuradores para atuar com dedicação exclusiva pode comprometer a operação. Se isso estivesse acontecendo na Lava Jato, haveria muita gente na rua protestando. Mas por qual motivo o mesmo não acontece com a Zelotes?
Importância não falta a essa ação. Investigando um multibilionário esquema de corrupção no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), do Ministério da Economia, a Zelotes tem alvos poderosos. A lista inclui mais de 70 empresas, incluindo gigantes como Gerdau, BankBoston, Ford, Santander e Bradesco, para ficar em algumas. Também há políticos importantes, como o ex-presidente Lula, e partidos, como o PP, que já havia aparecido no mensalão e na Lava Jato. Mas o foco principal está em empresas e não em autoridades públicas.
Talvez isso explique a pouca atenção dada à Zelotes. Focada nos corruptores, mais do que nos corruptos, a operação não traz os mesmos efeitos políticos da Lava Jato. Assim, não há quem mobilize massas para irem as ruas, nem o apelo do confronto do lado A contra o lado B.
Embora seja inegável a importância da Lava Jato - ainda que seja válido criticar seus excessos - , é preciso entender que se a mobilização social para combate à corrupção não for permanente, ampla e sem seletividade, a guerra do país contra a ilegalidade estará perdida. Não importa se o alvo é Lula, Aécio Neves, Michel Temer, o filho de Jair Bolsonaro ou um grande empresário. Ou se é favorável a que se combata a corrupção ou não. Nesse sentido, a Zelotes deveria ganhar mais atenção da sociedade e do comando dos órgãos de investigação como o Ministério Público e a Polícia Federal.
Ouça o comentário do editor de Política Ricardo Corrêa: