Articulação

Sucesso da relação do governo com a ALMG depende do diálogo

Parlamentares destacam que o governador não pode ser refém do Partido Novo e que Igor Eto e Mateus Simões precisarão adotar postura de humildade

Por Sávio Gabriel
Publicado em 12 de março de 2020 | 18:09
 
 
 
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O sucesso de Igor Eto como novo secretário de governo e do vereador de Belo Horizonte Mateus Simões (Novo) como Secretário Geral da gestão de Romeu Zema (Novo) junto à Assembleia Legislativa (ALMG) vai depender de como os novos articuladores do Palácio Tiradentes vão se comportar junto aos parlamentares. A avaliação é de que os trabalhos conduzidos pelo ex-secretário Bilac Pinto (DEM) não podem voltar à estaca zero e que os novos nomes precisarão ter atitudes republicanas perante o Parlamento mineiro.

Líder da oposição, o deputado André Quintão (PT) alertou que Zema não pode “ficar refém do Partido Novo” e que a escolha deve trazer mais dificuldades para a articulação com a Casa. “Se ele faz a opção apenas por priorizar o Partido Novo, que tem três deputados entre os 77, obviamente que vai ter mais dificuldades em ampliar (a base)”, disse, pontuando que a relação política vai depender da capacidade de diálogo dos novos articuladores. 

Quintão ressaltou que Bilac tinha bom trânsito entre os parlamentares. “Ele construiu, no ano passado, junto aos líderes e ao presidente da Casa, um caminho interessante de votar receitas extraordinárias, como a prorrogação do Fundo de Erradicação da Miséria e a antecipação dos recebíveis do nióbio”. Para o petista, o principal entrave não está na figura do articulador político, mas sim na linha que a gestão vem adotando. “Um governo que tem seu partido na Assembleia fazendo oposição em projetos estratégicos, com certeza gera problema político para o próprio secretário de governo e também para o líder do bloco governista”, disse. Em algumas ocasiões, deputados do Partido Novo já apresentaram dissonâncias em projetos enviados pelo próprio governo.

Cássio Soares (PSD) avaliou que será preciso humildade por parte do governo. “Já que estão trocando a articulação política, há que se pensar numa melhor forma de tratar e articular politicamente, e não só com a Assembleia”, pontuou, ressaltando que não haverá diferença pelo fato de os novos articuladores serem do mesmo partido de Zema. “Não tem a menor diferença de ser do Partido Novo, Democratas ou PSDB. O que vale são as práticas. Se for do Partido Novo, mas com práticas republicanas e respeitas, darão certo (na função)”.

Embora afirme que nunca tenha tido contato com os novos articuladores de Zema, Sávio Souza Cruz (MDB) disse que apenas no dia a dia é que será possível avaliar se a troca foi positiva. “Só vamos descobrir na prática. Acho que uma condição fundamental para a articulação é que o secretário goze da inteira confiança do governador e, pelo que ouvimos falar, eles têm o requisito”, ressaltou. 

“Ninguém vira um articulador político e experiente da noite para o dia só porque é do Partido Novo, não”, disparou o Sargento Rodrigues (PTB), destacando que a sigla “acha que todos que estão lá carregam uma auréola”. “A visão que todos nós que exercemos mandatos aqui na Assembleia há um pouco mais de tempo temos é que eles pensam assim: que eles carregam uma auréola de anjo e o restante são todos pessoas que não são puras na política”.

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